Algumas pessoas, sem maiores reflexões em torno dos ensinos cristãos, costumam justificar a punição dos que infringem as leis, servindo-se da Pena de Talião, recomendada no Antigo Testamento.
O que essas pessoas não consideram é que há grande diferença entre as leis estabelecidas nos tempos de Moisés e as ensinadas pelo Mestre de Nazaré.
Os tempos e as pessoas eram diferentes. Nos tempos de Moisés, o legislador hebreu liderava uma multidão muito rebelde, homens e mulheres rudes. Por esse motivo, ele criou algumas leis e lhes deu caráter Divino. Dizia que as leis vinham de Jeová, enquanto eram deliberações suas para conter a violência do povo.
Os tempos de Jesus eram diferentes. Os séculos produziram reformas no seio das multidões, preparando-as para receber a Boa Nova, trazida pelo Cristo.
Moisés fez a sua parte: revelou a Justiça, aplainando o caminho para que Jesus pudesse fazer a Sua semeadura: ensinar a Lei de amor às criaturas da Terra.
Assim, no Evangelho de Mateus, lemos uma séria advertência do Cristo revogando alguns ensinamentos das antigas escrituras. Uma delas é a seguinte:
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu porém, vos digo que não resistais ao que é mau; mas, se alguém vos ferir a face direita, apresentai-lhe também a outra; e ao que quer tirar-vos a túnica cedei-lhe também a capa. Se alguém vos forçar a dar mil passos, ide com ele mais dois mil.
Em outro momento, quando a multidão está pronta para apedrejar a mulher adúltera como prescrevia a Lei, Jesus faz a convocação para que aquele que estivesse livre de pecados, atirasse a primeira pedra.
Ninguém se habilitou a apedrejar a mulher. E Jesus, dizendo que Ele também não a condenava, recomendou que ela se fosse e não tornasse a incidir em erro.
Dessa forma, quem quer se utilizar da Lei de Talião pode fazê-lo, mas certamente não poderá dizer que tal procedimento é cristão.
Os ensinamentos do Cristo são totalmente baseados na Lei de amor, justiça e caridade, reavivando o ensino contido no Livro bíblico de Ezequiel: Meu pai não quer a morte do ímpio, mas a eliminação da impiedade.
Esses ensinos estão de acordo com um Pai amoroso, justo e bom. Um Deus que criou Seus filhos para a evolução, e não para destruí-los ou puní-los caprichosamente.
As Leis que regem a vida são Leis de amor. O sol nasce para iluminar e aquecer igualmente o rico e o pobre, o justo e o injusto.
A oportunidade das horas é oferecida tanto ao homem de bem quanto às criaturas mais perversas.
Cada um, por sua vez, se utiliza desse tesouro como lhe apraz. Todavia, as Leis lhe pedirão contas de todos os talentos que foram colocados à sua disposição.
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A legislação dos homens também evolui com o progresso intelecto-moral da Humanidade.
Quanto mais os povos se esclarecem e se moralizam, mais as suas leis se aproximam das Leis Divinas.
É por isso que as leis de hoje são bem mais justas que as de antigamente e as do porvir serão mais aperfeiçoadas que as de hoje.
Redação do Momento Espírita, com citações do cap. 5, versículo 38,
do Evangelho de Mateus e cap. 24, versículo 20, do
Evangelho de Lucas, ambos do Novo Testamento.
Em 12.08.2010.