Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone O castiçal

Pedro era um homem pobre. Jardineiro, ganhava a vida no trabalho diário com flores e plantas.

Certo dia, ele se dirigia para casa quando viu, no caminho, um homem prestes a ser assaltado.

De imediato, foi em socorro do desconhecido. Graças à sua interferência, os dois ladrões fugiram sem causar danos físicos ou financeiros.

Reconhecido, o quase assaltado resolveu premiar o seu salvador. Por ser um rico mercador e possuir muitas e ricas peças, tomou de uma caixa amarela de couro lavrado e a deu ao jardineiro.

Pedro foi rápido para casa. Mal podia conter sua curiosidade.

O que será que lhe teria dado o rico senhor?

Como a caixa pesasse, ele pensou que poderiam ser muitas moedas de prata.

Ao abrir a caixa para conhecer as preciosidades que ela devia conter, ficou desiludido.

Era somente um castiçal. Um castiçal de metal escuro e pesado.

O jardineiro ficou muito aborrecido.

O que ele faria com um castiçal?

Convencido do desvalor do presente, ele o jogou a um canto. Desprezado, o objeto ficou rolando pela casa.

Em certo momento, o objeto serviu de calço para um móvel instável.

De outra feita, foi utilizado como martelo pelo seu dono.

Descuidadamente, o castiçal caiu no terreiro e ficou ao relento alguns dias.

Como as dificuldades de Pedro se avolumassem, ele precisou sair daquela casa e foi morar em outra localidade. Levou consigo quase tudo que possuía.

O castiçal ficou abandonado sobre uma mesa. Afinal, era uma coisa imprestável!

Ora, aconteceu que tempos depois, a casa foi ocupada por um músico.

Olhando para o esquecido castiçal, teve a impressão de que deveria ser uma peça interessante.

Tirou-lhe o pó e o livrou das manchas que o recobriam. Viu que, na base da peça, havia várias figuras: um belo navio, que parecia vencer as ondas e uma bailarina graciosa, que dava a impressão de dançar no meio de um lindo jardim.

Virando um pouco a peça, descobriu ainda um majestoso templo, com torres apontadas para o céu. Também um corcel negro a galopar sobre uma montanha de nuvens.

Quanta beleza! Tratado como uma preciosidade, foi mostrado a várias pessoas. Finalmente, um rico colecionador de antiguidades o adquiriu, por uma fortuna incalculável.

O que nas mãos de Pedro fora uma peça inútil e desprezada, se transformou em verdadeira riqueza, aos olhos inteligentes do novo ocupante da casa.

*   *   *

Assim como o jardineiro, somos alguns de nós. Possuímos tesouros incalculáveis mas nossos olhos não descobrem seu valor, sua beleza.

De todas as preciosidades, que Deus depositou nas nossas mãos, os maiores tesouros são os do afeto, que abençoam nossa vida, fazendo a grande diferença para nossos dias.

Pode ser um cônjuge dedicado, uma mãe extremosa, um filho, pais amorosos, um amigo sempre pronto a nos socorrer, nos estimular.

Saibamos dar-lhes o justo valor.

E sejamos gratos ao Provedor Divino que nos concedeu a ventura de tê-los por perto, como anjos tutelares de nossa existência.

Redação do Momento Espírita, com base no cap.
 
A mulher e o castiçal, do livro Minha vida querida,
 de Malba Tahan, ed. Record.
Em 23.8.2022.

 

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