Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone A face do Senhor

Narra antiga lenda que, após a descida do corpo de Jesus da cruz, Nicodemos, muito comovido, guardou o lenho e principiou a esculpir nele o Amado Amigo.

Queria poder voltar a contemplar aquele rosto amado, nos dias de sua vida.

Durante um longo período, se esmerou na escultura.

A sua grande dificuldade se apresentou quando chegou ao rosto.

Não conseguiu esculpir, na madeira rústica, a expressão, sobretudo de amor, que o Mestre demonstrara em Sua vida. E, também, prestes a exalar o último suspiro.

Começou a pensar que era incapaz da bela obra e a deixou, como que em repouso.

Certa noite, exausto e triste, adormeceu.

Sonhou, então, que um anjo chegou ao seu lar, aproximou-se da escultura e, rapidamente, realizou o que ele tanto desejara fazer, sem o conseguir.

Ao despertar, seu primeiro gesto foi correr até onde estava o madeiro. Pensou, naturalmente, que tudo não passara de um sonho.

Qual não foi sua surpresa em descobrir que a Face do Cristo estava superiormente esculpida, completando, com perfeição, o conjunto harmonioso.

Na cidade de Lucca, na Itália, encontra-se uma magnífica obra, de autor desconhecido, a que chamam A Santa Face.  A fantasia popular e religiosa a vestiu de lenda...

Deixando à margem o exagero, descobrimos uma simbologia oportuna, que merece reflexão.

Na sociedade moderna, em que a justiça, o amor e a liberdade são sacrificados, permanecem os instrumentos de flagelação que o cristão, à semelhança de Nicodemos, deve transformar na face da paz e do perdão, em favor de uma vida digna de ser preservada.

Quando, no entanto, os esforços parecem inúteis e vãos, quando nos sentimos à beira do desalento, os Espíritos da luz vêm auxiliar a completar a obra, que refletirá a presença do Cristo sustentando a criatura desesperada e infeliz.

*   *   *

Cada um vê a Face do Senhor, no mundo, conforme a sua necessidade.

Para Madalena, aquela Face ficou registrada em sua memória como o dia da sua redenção. Ela guardou, na intimidade da alma, o olhar que lhe endereçou o Mestre, convidando-a à reformulação.

Pedro a conhecia como a Face dAquele que era o Condutor de um colegiado, o que transmitia segurança e paz.

Para o Apóstolo João, era a Face do amor, do Amigo, do Celeste Pastor.

Pilatos esteve frente a ela, e não conseguiu descobrir o olhar de misericórdia que lhe era endereçado. O apelo mudo do Pastor que lhe dizia: Estou aqui. Segue-me.

Tomé a contemplou, muitas vezes, sem se dar conta de que Ele era a Verdade. Precisou provar, com suas mãos, para ter a certeza da lição da Imortalidade.

Judas teve a oportunidade de olhar, vezes sem conta, para aquela Face que transmitia luz, porém, se permitiu envolver em sombras, em ato infeliz.

Ainda hoje é assim.

A Face do Mestre nos é apresentada, nos seus ditos e feitos, registrados pelos repórteres da Boa Nova.

Alguns entendemos e nos esforçamos por segui-lA. Outros, deixamos para depois, para um outro momento.

Seria tão efetivo, para as nossas almas, se nos deixássemos esculpir pelos anjos, de modo a oferecer a todos, a confortadora Face do Senhor estampada em nossa conduta.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 24,
 do livro Seara do Bem, por diversos Espíritos,
 psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 28.12.2021.

 

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