Os homens, preocupados com o pão de cada dia, cultivam a semente.
Para assegurar o reconforto protegem as árvores.
Envidam esforços para preservar os animais, as plantas, os rios, a natureza, enfim.
Pensam no futuro do planeta e desejam semear, desde agora, a certeza de um futuro promissor.
Movimentam-se homens em prol da vida, expondo a própria vida em defesa dos animais marinhos, com a intenção de protegê-los.
Cientistas e pesquisadores dedicam-se a cultivar, em cativeiro, animais prestes à extinção.
Todos esses esforços são nobres, todavia, temos nos esquecido da orfandade que se alastra assustadoramente. Não temos protegido a infância que representa o porvir que a todos nos espera.
Crianças caminham desoladas e sós, chorando a ausência do braço paterno ou se lastimam ante a falta do regaço materno que a morte suprimiu.
Assemelham-se a frágeis lírios expostos aos golpes do granizo, a perambularem sem rumo, sem amparo, sem esperanças...
São pequeninos filhos de Deus, em plena aurora da vida, esperando de nós apoio e assistência.
Não nos julguemos exonerados do dever de amparar os órfãos com os quais nos defrontamos na marcha. Se Deus os coloca em nossa caminhada, é porque espera de nós a demonstração de solidariedade e amor.
Esses infantes esperam guiar-se por nossos passos, orientar-se por nosso verbo, conduzir-se pelos nossos exemplos para, mais tarde, devolver-nos a mensagem que hoje lhes mostramos, já que são o germe do futuro.
O mundo de hoje é o retrato fiel dos homens de ontem que no-lo transmitiram com as qualidades e os defeitos de que se nutriram no campo das próprias almas.
Assim, a Terra de amanhã será, inelutavelmente, o reflexo de nós mesmos. E a infância colorirá o futuro ou o ensombrecerá, conforme tenha recebido de nós, hoje.
Lembremo-nos de que, pela lei da reencarnação, nesses filhos de ninguém pode estar um afeto do nosso coração a rogar-nos braços amigos e o aconchego do lar e da família que não possuem.
Os laços do afeto não se desenvolvem somente na família consanguínea. Nós os podemos construir a cada instante, acolhendo um desses pequeninos sem pais para, num futuro mais ou menos distante, recolher os frutos da semeadura de agora.
Não nos comovamos tão somente perante o sofrimento que sufoca milhares de pequeninos. Façamos algo. Abramos as portas dos nossos corações e dos nossos lares para acolher um filho alheio que, em realidade, é um filho de Deus e, por conseguinte, um irmão nosso.
* * *
A adoção pode se constituir em bênção luminosa.
Também por isso muitos pais, que não lograram gerar filhos, após adotarem uma criança, acabam por gerar filhos da própria carne.
São bênçãos se multiplicando...
Redação do Momento Espírita.
Em 08.03.2010.