Existem pessoas que reclamam, de forma constante, queixando-se de não terem tido oportunidades na vida.
Observam o sucesso de outros e afirmam que não conseguiram conquistar melhor espaço social ou profissional, por não terem se apresentado chances em sua jornada.
Entretanto, o que por vezes ocorre é que a pessoa não se dá conta de que preciosas ensanchas lhe sorriem.
Para aqueles que sabem ver, todo momento é propício ao progresso.
Lemos, certa vez, o caso de um médico brasileiro que até seus dezoito anos não sabia ler, nem escrever.
Com essa idade, foi acometido de uma tuberculose e necessitou ser internado em hospital na Capital do Estado onde nasceu. Foram três anos de luta contra a doença.
O que poderia ter sido levado à conta de drama pessoal, foi seu momento especial. Com enfermeiros e pacientes, o simples José aprendeu a ler e escrever. Das trevas do analfabetismo para a luz das letras, o universo do saber.
Saindo do hospital, cursou o ensino fundamental, trabalhando pela manhã e frequentando a escola à tarde.
Dos confins do Nordeste emigrou para o Rio de Janeiro. Foram nove dias na carroceria de um caminhão.
Batalhou e conseguiu um emprego. Estudava e trabalhava.
A janela que lhe fora escancarada, com a descoberta da escrita e da leitura, não poderia ele deixar se cerrasse.
Cursou o ensino médio e, sozinho, se preparou para o vestibular de medicina. Foi aprovado e, aos trinta anos, ingressou na faculdade.
A escola exigia muito. A profissão, também. Depois foi o período de residência e a especialização em radiologia. Anos árduos.
Hoje, ele olha para os anos vividos, as conquistas perpetradas e se felicita. A curiosidade, o desejo de saber sempre o acompanharam. Foram eles que o motivaram à busca do conhecimento.
O nordestino que cresceu trabalhando na lavoura, filho de uma família de dezenove irmãos, nada tinha que indicasse que seu futuro pudesse ser diverso do de tantos outros meninos e meninas sem recursos.
Contudo, ele soube aproveitar a oportunidade mínima que lhe foi ofertada. Somou determinação, obstinação à sua férrea vontade e venceu.
Não esquecendo suas origens, auxiliou onze dos seus irmãos a estudarem e melhorarem suas condições de vida.
Mais do que isso, foi trabalhar no Interior, onde as necessidades são maiores e menor o número de profissionais.
Para lá foi, vencedor, a fim de auxiliar os que vivem no hoje as muitas dificuldades que ele viveu nos verdes anos da mocidade.
Na sua vitória, não esqueceu a gratidão ao Senhor da vida que se expressa no amor ao semelhante.
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Situações adversas, por vezes, são solicitadas pelo próprio Espírito ao reencarnar, com o intuito de melhor testar a sua coragem.
O fato de se nascer pobre, em lugar obscuro, de família destituída de nome ilustre não implica necessariamente em fracasso, obscurantismo, anonimato.
Abrahão Lincoln, que foi um dos grandes Presidentes dos Estados Unidos, era filho de um lenhador e lenhador foi até sua juventude.
Isso demonstra que o Espírito decidido vence, onde quer que se encontre, frutificando mesmo no mais árido deserto.
Redação do Momento Espírita com base no artigo
O médico que se alfabetizou aos 18 anos, do
jornal Gazeta do Povo, de 31 de maio de 1998.
Em 20.10.2014.