Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone O pôr do sol e a orquídea

O sol estava se pondo. O pôr do sol a fez lembrar-se do seu pai. E ela começou a falar.

Ele estava mortalmente enfermo e sabia disso. Ela abandonou o seu trabalho para estar com ele. E conversaram sobre a partida que se aproximava, tranquilamente.

Aqueles que aceitam a chegada da morte ficam tranquilos.

Disse-me que a hora que seu pai mais amava era o crepúsculo.

Desde menina, ele se assentava com ela e ia mostrando a beleza das nuvens incendiadas, a progressiva e rápida sucessão das cores: azul, verde, amarelo, abóbora, vermelho, roxo...

À medida que a morte se aproximava, a fraqueza aumentava. Mas, mesmo fraco, queria ver o pôr do sol.

Talvez pela irmandade de um homem que morre e um sol que se põe.

Numa dessas tardes, ela não conseguiu conter as lágrimas. Chorou. Ele a abraçou e colocou seu dedo sobre seus lábios.

"Não quero que você chore..." E, apontando para o sol que se punha, disse: "Eu estarei lá..."

E contou-me também de uma orquídea que silenciosamente acompanhou esses momentos de despedida.

A orquídea, depois que seu pai partiu para o pôr do sol, se recusou a parar de florir...

Será que o seu pai foi morar na orquídea? É possível...

*   *   *

O belo texto de Ruben Alves aborda, com delicadeza, uma temática muito comum nos textos espíritas.

A Doutrina dos Espíritos tem como arcabouço maior a imortalidade da alma.

Foram as vozes dos imortais que se fizeram ouvir através da mediunidade segura e confiável de jovens francesas.

Foram essas vozes que bradaram: A morte não existe! Estamos aqui! Mais vivos do que nunca! Estamos no pôr do sol.

E foram esses Espíritos, almas que já haviam vivido na Terra, que iniciaram o processo de elaboração da chamada Codificação Espírita.

A autoria do Espiritismo é dos Espíritos em conjunto com Kardec.

Foram os seres que já se encontram no pôr do sol que anunciaram verdades confortantes aos amigos encarnados na Terra.

A orquídea que nunca deixa de florir é similar à alma humana. Nunca deixa de existir, nunca deixa de crescer e florescer.

Haverá dia em que iremos encarar a morte de forma diferente.

Uma separação temporária que, às vezes, nem mesmo separação o é - se considerarmos que entre almas não necessita haver afastamento.

O amor não se perde nunca, pois ele não está no outro, está em nós.

O ser amado ora está aqui, ora acolá, nesses tantos ir e vires da vida, mas isso não faz o amor fenecer nem desistir de amar.

O amor, por ser criação de Deus - como tudo, nEle confia sempre. Nele se fortalece.

Que as inevitáveis separações da vida possam ser vistas de ângulos diferentes daqueles de sempre.

Não perdemos ninguém, pois a ninguém possuímos na verdade.

Ninguém deixa de existir, pois a morte não existe. É apenas um momento de transição de um estado de vida para outro. Todos vivem. Todos viveremos.

Redação do Momento Espírita, inspirado no texto
 
O pôr do sol e a orquídea, do livro Ostra feliz não faz
 pérola, de Ruben Alves, ed. Planeta.
Em 16.1.2024.

 

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