Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone A terrível megera

É muito comum, ainda, o desespero tomar conta dos familiares quando a sombra da morte paira sobre o lar e arrebata um dos seus membros.

Pais ficam desarvorados, como se o chão lhes tivesse sido retirado e eles não têm onde pisar.

Meu filho era a razão da minha vida! Não consigo viver sem ele! – Dizem, entre a revolta e a angústia.

Mães insistem em deixar o quarto, o escritório, todos os pertences do filho amado, exatamente como se encontravam, no momento da partida dele para o além.

É como se nutrissem a esperança de seu regresso, a qualquer momento, para continuar a se utilizar de tudo o que se servia até há pouco.

Esposos lesados com a ausência do cônjuge derramam lágrimas intermináveis sobre o cadáver, quando não fazem indagações em tom de acusação: Por que você fez isso comigo? Por que me deixou?

Essas atitudes e outras assemelhadas têm a ver com a forma como fomos educados. E, consequentemente, educamos nossos filhos.

Ora, a única certeza que se tem, neste mundo, é de que quem nasce, mais dia, menos dia, haverá de morrer.

De forma paradoxal, é aquilo com que menos nos preocupamos. Não falamos a respeito da morte, não explicamos aos pequenos o que é a morte.

Se morre o seu bichinho de estimação, depressa vamos comprar outro, igualzinho, a fim de que a criança não perceba o que aconteceu.

Melhor seria deixá-la ter o contato com o fenômeno, utilizando o momento ideal para a educação para a morte.

A criança poderá chorar, mas entenderá que todos os seres vivos morrem um dia. E dentro de si, com o amparo dos pais, poderá muito bem administrar a dor da ausência.

Um exercício que lhe servirá no futuro porque ela caminhará no mundo como quem sabe que a vida física não é eterna.

Dessa forma, quando a morte abraçar alguém que ela ama, sofrerá a ausência, chorará a dor da distância que se apresenta, mas não se deixará sorver pelo caos mental, por saber que esse é o ciclo normal da vida.

Determinada propaganda que valoriza o correto processo educacional mostra uma criança olhando o peixinho no aquário.

Ele está imóvel, de barriga para cima. A mãozinha miúda bate no aquário, como tentando despertá-lo.

A mãe se aproxima e agora o cenário passa para imagens que ela descreve: o peixinho abre os olhos e percebe peixes alados que voam entre nuvens.

Às costas de um deles, realiza um breve percurso. Despede-se, quando chega a um grande portal, sugerindo um local de delícias.

Logo mais reencontra uma fêmea de sua mesma espécie.

Tocam-se as barbatanas e assim, adentram o grande portal da felicidade.

A cena retorna para a criança e a mãe. Os olhos do pequeno brilham, ele sorri e diz:

Que legal, mãe! Então, foi isso que aconteceu?

E um grande abraço conclui o diálogo.

Eis aí a desmistificação da morte como a megera terrível, insaciável, que arrebata os amores e os transporta a lugares ignorados.

Pensemos nisso e comecemos a elaborar quadros mentais a respeito da morte, diversos desses sombrios com que sempre a vestimos.

Vamos além e comecemos a ensinar aos nossos filhos o que é o fenômeno natural da morte e o adentrar na vida imortal.

 Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 11.9.2019.

 

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