Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Deixar crescer

A tradição bíblica ensina que antes da chegada de João Batista houve um grande silêncio profético.

Por aproximadamente quatrocentos anos, nenhum profeta falou ao povo.

Finalmente, João Batista começou a pregar e causou grande comoção.

Muitos até achavam que ele era o Salvador longamente esperado.

Contudo, quando Jesus o procurou para ser batizado, João foi enfático em apontá-lO como O que haveria de vir.

Em um momento posterior, surgiu certa crise envolvendo os discípulos de João, a respeito da figura de Jesus.

O Batista novamente não titubeou e afirmou com clareza:

É necessário que ele cresça e que eu diminua.

É interessante observar que o famoso profeta não estava procurando um caminho fácil para seguir.

Ele não se tornou inerte, não fugiu de seus testemunhos.

Continuou a pregar com desassombro, até que seu falar claro fez com que os poderosos da época decidissem assassiná-lo.

Mas nem por isso deixou de reconhecer o lugar que lhe cabia na concretização de um ideal superior.

Essa postura de João Batista pode suscitar saudáveis reflexões.

Muitas criaturas se dispõem a fazer o bem ou a trabalhar por um ideal.

Entretanto, exigem ocupar lugares de importância.

Desejam servir, sim.

Mas, desde que isso lhes propicie brilho e reconhecimento.

Quando se apresenta alguém mais capacitado para o desempenho de uma tarefa considerada importante, relutam em ceder o lugar.

Se uma nova liderança surge, com grande potencial, tratam de boicotá-la.

Fazem-se severos críticos de tudo e de todos que podem lhes fazer sombra.

É como se o bem somente pudesse se realizar através delas.

Tal gênero de conduta sinaliza que a vontade de servir-se de uma causa é maior do que o desejo de servi-la.

Entretanto, na tarefa de construção de um mundo melhor há espaço para todos.

A verdadeira recompensa pelo amor do belo e do bem é a paz interior.

O reconhecimento do mundo é transitório e costuma representar principalmente um fardo a ser suportado.

Não compensa viver em função dele.

Importa aprender a servir, onde e como se fizer necessário.

Se a tarefa exigir alguma exposição, manter a modéstia.

Quando o momento de brilho passar, permanecer no serviço, ainda que em posição singela.

Assimilar que o bem não tem dono e que sua concretização é uma conquista da Humanidade inteira.

Rejubilar-se com o aparecimento de pessoas com grande potencial e desejosas de trabalhar.

Deixar que cresçam e alegrar-se mesmo com o crescimento delas.

No momento certo, saber tornar-se obscuro, a fim de que uma luz maior brilhe, em benefício de todos.

 Redação do Momento Espírita.
Em 18.1.2021.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998