Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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Certo dia, uma mulher chamada Anne foi renovar a sua carteira de motorista.

Quando lhe perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou. Não sabia bem como se classificar.

O funcionário insistiu: O que eu pergunto é se tem um trabalho.

Claro que tenho um trabalho, exclamou Anne. Sou mãe.

Nós não consideramos isso um trabalho. Vou colocar dona de casa, disse o funcionário friamente.

Uma amiga sua, chamada Marta, soube do ocorrido e ficou pensando a respeito por algum tempo.

Num determinado dia, ela se encontrou numa situação idêntica. A pessoa que a atendeu era uma funcionária de carreira, segura, eficiente.

O formulário parecia enorme, interminável.

A primeira pergunta foi: Qual é a sua ocupação?

Marta pensou um pouco e sem saber bem como, respondeu:

Sou doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas.

A funcionária fez uma pausa e Marta precisou repetir pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.

Depois de ter anotado tudo, a jovem ousou indagar:

Posso perguntar o que é que a senhora faz exatamente?

Sem qualquer traço de agitação na voz, com muita calma, Marta explicou:

Desenvolvo um programa a longo prazo, dentro e fora de casa.

Pensando na sua família, ela continuou: Sou responsável por uma equipe e já recebi quatro projetos. Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é de quatorze horas por dia, às vezes até vinte e quatro horas.

À medida que ia descrevendo suas responsabilidades, Marta notou o crescente tom de respeito na voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos.

Quando voltou para casa, Marta foi recebida por sua equipe: uma menina com treze anos, outra com sete e outra com três.

Subindo ao andar de cima da casa, ela pôde ouvir o seu mais novo projeto, um bebê de seis meses, testando uma nova tonalidade de voz.

Feliz, Marta tomou o bebê nos braços e pensou na glória da maternidade, com suas multiplicadas responsabilidades. E horas intermináveis de dedicação.

Mãe, onde está meu sapato? Mãe, me ajuda a fazer a lição? Mãe, o bebê não para de chorar. Mãe, você me busca na escola?

Mãe, você vai assistir a minha dança? Mãe, você compra? Mãe...

Sentada na cama, Marta pensou: Se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o que seriam as avós?

E logo descobriu um título para elas: Doutoras-sênior em desenvolvimento infantil e em relações humanas.

As bisavós, Doutoras executivas sênior.

As tias, Doutoras assistentes.

E todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras: Doutoras na arte de fazer a vida melhor.

*  *  *

No mundo em que os títulos são importantes, em que se exige sempre maior especialização, na área profissional, torne-se especialista na arte de amar.

Como excelente mestra, ensine aos seus filhos, através do seu exemplo, a insuperável arte de expressar sentimentos.

Ensine a difícil arte de interpretação de choro de bebê e de secar lágrimas de adolescente.

Exemplifique a renúncia, a paciência e a diplomacia. E colha, vitoriosa, ao final de cada dia, os louros do seu esforço, nos abraços dos seus filhos e na espontaneidade de suas manifestações de afeto.

 

Redação do Momento Espírita, com base
em texto de autoria ignorada.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 18, ed. FEP.
Em  18.7.2013.

 

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