Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Tirai a pedra
 

Naquele entardecer, em Betânia, o sol já buscava a linha do horizonte, quando Jesus, atendendo ao pedido das amigas Marta e Maria, irmãs de Lázaro, dirige-se até o túmulo onde fora sepultado o amigo.

Uma pequena multidão rodeava a sepultura. Amigos de Lázaro, curiosos, cépticos.

Muitos talvez para lá se dirigiram porque sabiam que o Mestre estaria presente.

Quiçá quisessem testar a capacidade do carpinteiro de Nazaré, pois falava-se que Ele realizava prodígios.

Restituía a visão a cegos, limpava leprosos, levantava paralíticos, reanimava desalentados e sofredores.

O meigo Rabi, de olhar sereno, caminha até a porta do túmulo onde estava Lázaro morto havia vários dias.

Entre Jesus e o morto havia uma pedra.

Entre a claridade e a sombra havia uma barreira, um obstáculo enorme e pesado.

No estreito cubículo onde Lázaro começava a apodrecer, e no amplo mundo exterior, onde o Cristo meditava, duas estranhas realidades se defrontavam.

Estranhas, diferentes, antagônicas... A vida e a morte.

Fora, a luz do sol, a natureza em festa...

Dentro, no estreito cubículo onde estava Lázaro, a escuridão e a inércia...

Lázaro, separado da vida, mergulhado na morte, não podia, evidentemente, ouvir de Jesus a palavra renovadora, suave e enérgica, ao mesmo tempo.

Não tinha olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, nem sentidos para perceber a realidade que o procurava.

Apelou então Jesus para a cooperação dos seus amigos: Tirai a pedra!

Em outras palavras: Tirai o entulho mental que impede a visão dos magníficos panoramas da vida imortal.

Os amigos do morto retiraram a pedra sob a inspiração de Jesus.

A claridade do sol que descambava penetrou, como uma réstia de esperança, no fundo da caverna onde tinham posto o irmão de Marta e Maria, o amigo do Senhor...

Lázaro, sai para fora!

E Lázaro saiu. Da morte para a vida, da sombra para a luz...

*   *   *

Quando estamos mortos para a verdade, insensíveis ante o esplendor da imortalidade gloriosa, a palavra do Mestre não consegue ressoar em nosso universo íntimo, tornando-se indispensável, à maneira de Lázaro, que outras mãos nos ajudem.

E tantos amigos espirituais retransmitem ao nosso coração a mensagem renovadora do Cristo, reeducam-nos para a vida melhor, afastando de nossa sepultura espiritual a pedra do egoísmo que há milênios nos ofusca a consciência, enregela-nos o coração e petrifica-nos o sentimento.

Ainda assim, é preciso que façamos a nossa parte: levantarmos e sairmos em busca da luz, permitindo que ela penetre a nossa intimidade e ilumine os mais profundos escaninhos da nossa alma.

*   *   *

Lázaro não estava realmente morto.

Quando os laços que prendem o Espírito ao corpo se rompem, não há mais possibilidade de reanimá-lo.

Lázaro, possivelmente, fora acometido por uma crise de letargia.

A letargia é uma enfermidade na qual há suspensão das forças vitais em geral, dando ao corpo todas as aparências da morte.

Jesus sabendo disso, chama-o de volta à vida.

Redação do Momento Espírita, com base no livro
Estudando o Evangelho, de Martins Peralva, ed. Feb.
Em 18.05.2009.

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