Nos capítulos iniciais do livro bíblico do Gênesis, as referências ao trabalho soam como castigo.
Na alegoria adâmica, depois da desobediência ao Todo Poderoso, o homem é condenado a retirar da terra o pão de cada dia, à custa de seu próprio suor.
Desde então, a interpretação é de que trabalhar é uma punição.
Na Roma Antiga, ainda mais intensa ficou essa interpretação ao se associar trabalho ao instrumento de tortura tripallium, de onde se originou o vocábulo.
Através dos séculos, encontramos sentenças enviando condenados para os trabalhos forçados. E, em alguns casos, equivalia a uma sentença de morte, tendo em vista o tipo de trabalho a que eram conduzidos.
Natural que, nascendo e renascendo em épocas distintas e países variados, portemos ainda, na atualidade, os errôneos conceitos de que trabalho é punição.
Por isso, passamos a delegar tarefas, mesmo as mais comezinhas, a escravos, seres catalogados como inferiores: povos vencidos, negros da África, indígenas...
Hoje, quando a justiça julga determinadas faltas, estabelece as penas alternativas, que vão desde o fornecimento de cestas básicas ao cumprimento de determinado número de horas, em serviço comunitário.
Continuamos a adjetivar o trabalho como penalidade. Mesmo quando se trata de atendimento a benefício de alguém.
São penas impostas. Trabalho obrigatório. Punição.
No entanto, o Mestre dos mestres, ao abordar a questão do trabalho, sintetizou em magistral afirmativa:
Meu Pai trabalha incessantemente e Eu trabalho também.
Conferiu, com tal afirmativa, toda nobreza à ocupação útil.
Como Rei Solar, a quem competiu a missão de coordenar todos os detalhes da elaboração do nosso planeta, ingressou na carne como filho de um carpinteiro.
Conforme o costume hebraico, na infância foi iniciado no ofício de Seu pai.
Quantos bancos, mesas, utensílios outros devem ter sido moldados por Suas mãos!
E, chegado o tempo do início do Seu messianato, trabalhou sem cessar.
A multidão O seguia aonde fosse. Em um momento Ele falava, instruindo e esclarecendo.
Em outro, a Sua tarefa era de escutar corações, abençoar os seres, ofertar-lhes esperança.
A um oferecia o bálsamo da certeza imortalista, a outro apontava a esperança de dias novos.
Após o dia de exaustivas tarefas, atendendo o povo que O buscava, como ondas contínuas nas praias da Sua bondade, servia-Se da noite para reunir o colegiado apostólico.
Naquelas conversas sob o luar, procedia à avaliação das tarefas realizadas e à capacitação daqueles que ficariam como os obreiros da Boa Nova.
Incansável sempre, ao se despedir, anunciou que iria à frente, preparar-nos o lugar.
Ainda trabalho...
* * *
Pensemos no exemplo do Nazareno e imitemo-Lo, dando graças pela honra do trabalho no lar, junto aos filhos, aos afazeres infindáveis;
No exercício da profissão e na alegria de servir à comunidade.
Seja-nos o trabalho motivo de alegria!
Redação do Momento Espírita.
Em 01.05.2009.