Certo dia, um homem do povo desejou tornar-se santo. Ansiava encontrar Deus.
Adentrou o quarto onde repousava a esposa e o filhinho, olhou-os uma derradeira vez e partiu.
Ao cerrar a porta, uma voz íntima lhe disse: Não partas! É aqui que está Deus.
Mas o homem não escutou.
Vagou por caminhos desconhecidos e buscou a Divindade em diversos templos.
Na sua jornada, passou por lugares onde o incêndio devorara gulosamente as casas, e muitos seres suplicavam auxílio.
Estou aqui. Por que te afastas de mim? - clamou a voz na consciência.
Contudo, o homem a sufocou.
Buscou o templo real, construído com milhões e milhões de moedas de ouro. Contemplou o rei e sua corte, genuflexos em ricas almofadas. Vibrou com a beleza e a arte do suntuoso local.
Entretanto, por mais permanecesse ali, não sentia a alegria do convívio superior em sua alma. Sua busca não havia chegado ao fim.
Retornou às estradas poeirentas. Então, numa dobra do percurso, encontrou um homem sentado na relva. Ao seu redor se reuniam muitas pessoas como abelhas em torno de uma flor.
O homem inquieto observou o outro com vagar. Durante horas, aquele ser ouviu a dor alheia, enxugou olhos lacrimejantes, limpou feridas, abraçou crianças, socorreu a fome da alma.
Vez ou outra, ante um quadro de maior aflição, retirava de um saco de viagem moedas, roupas ou medicamentos.
Durante todo o tempo, falava da paz que é conquista, da paz que é proporcionada pela doação ao outro, pelo dever retamente cumprido.
A uma mulher que lhe confessou os dissabores no lar, ante o marido indiferente, ele recomendou maior dedicação no retorno ao lar.
À outra que lhe confessava, envergonhada, os erros cometidos, no tocante à fidelidade, recordou as palavras do Sábio da Galiléia: Vai e não tornes a errar.
Finalmente, o homem inquieto se aproximou do outro, chamando-o santo, e indagou-lhe de como poderia encontrar Deus.
Afinal, já se haviam dobrado os anos e ele nada conseguira, senão o acréscimo da angústia e da insatisfação!
Não sou santo - respondeu o outro. Apenas alguém que encontrou um Modelo e Guia e O segue. Falo do maior dos Mestres, Jesus.
Seu ensino é de amor. Por isso, retorna ao teu lar, atende a tua esposa, educa teu filho. Socorre teu irmão.
Porque Deus se encontra no lavrador que rasga a terra dura e semeia. Deus está no operário que quebra pedras, abrindo veredas novas aos viandantes. Deus está em todos, nos dias de sol ou de chuva.
Deus está onde está o homem, produto do Seu amor.
O homem ansioso voltou sobre os próprios passos, adentrou o lar, reencontrou e abraçou os seus deveres.
Foi então que a voz tornou a se fazer ouvir: Estou aqui.Por que não me atendes?
Dessa vez, ele escutou e permitiu-se plenificar de felicidade. Sua busca chegara ao fim.
* * *
Suportando o fardo das provações e dissabores, padecendo injustiças e aflições superlativas que te desanimam, pensa que estás, mesmo assim, perto de Deus.
Se seguires sem receio, alcançarás a meta da felicidade, sempre perto de Deus.
Redação do Momento Espírita, com base, para o pensamento final, do verbete
Deus do livro Repositório de sabedoria, v.1, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 17.03.2009.