Em certa região, onde imperava a pobreza, vivia um homem que conseguia seu sustento com a profissão de oleiro. Sua especialidade era fabricar cântaros, que eram vendidos na própria localidade.
Com tal atividade, ele não somente conseguia sustentar-se, como também sempre tinha à disposição algumas colheres de arroz para saciar a fome de um ou outro pedinte, que lhe batesse à porta.
Todas as tardes, quando o sol parecia desmaiar no horizonte, ele se dirigia ao templo para orar. Ali, abria sua alma ao criador, sentindo-se em paz.
Certo dia, quando estava a trabalhar em sua casa, viu passar a rica caravana de um nobre, cercado de muita pompa e honrarias. Perplexo, observou como aquele homem jogava moedas aos pobres do caminho.
Então, o oleiro disse para si mesmo:
Eu poderia ser rico como aquele nobre. Seria muito bom ter um palácio para morar, inúmeros criados, desfrutar das coisas boas da vida. Ser poderoso, temido e admirado por onde passasse.
Além do que, se fosse um desses homens, melhor poderia servir ao senhor da vida. Daria amparo aos pobres, para que eles tivessem uma vida digna e decente.
Com meu exemplo, poderia levar outros homens ricos a agirem como eu. Juntos, poderíamos erradicar a miséria e a fome do mundo.
E, tão logo viu a caravana se afastar, decidiu enriquecer. Na sua mente, elaborou um plano meticuloso.
Se trabalhasse de forma incansável, mais horas por dia, se melhorasse a qualidade dos seus cântaros, ele poderia acumular muitos deles e expô-los, na feira do próximo verão.
Vendendo-os, ganharia mais dinheiro e se tornaria um grande e próspero homem.
Logo colocou seu plano em ação, trabalhando dias e noites sem parar.
Não perdia tempo. Quando os necessitados o procuravam, sem erguer os olhos da tarefa, dizia: esperem, estou trabalhando para enriquecer e beneficiarei a todos. Voltem no verão...
Deixou de comparecer ao templo para orar, dedicando aquelas horas a modelar cântaros, enquanto sonhava com a riqueza.
O tempo passou. Veio o verão. O oleiro carregou sobre mulas os muitos cântaros que venderia, na feira da capital.
Seguindo pela estrada, sentindo as moedas já tilintarem em seus bolsos, foi surpreendido por homens armados que lhe levaram as mulas e os cântaros, desaparecendo na poeira da estrada.
Ficou sozinho, a pé, sem saber ao menos o que fazer, a não ser lamentar-se:
Como sou infeliz. Os ladrões me roubaram tudo. Retiraram-me toda a possibilidade de bem servir ao senhor.
Foi então, que a voz do senhor falou ao seu coração:
Não chores. Os bens que foram levados apenas serviriam para tua ambição e vaidade. Chora, contudo, a fortuna que perdeste há muito mais tempo.
E ante o espanto do oleiro, concluiu a voz:
Bati em tua porta por diversas vezes, faminto, e me negaste o pão.
* * *
A prática do verdadeiro bem não necessita aguardar grandes fortunas.
Se cada um de nós se preocupasse em auxiliar alguém, a dor seria diminuída em todos os quadrantes deste nosso planeta.
Também a fome, o frio, a miséria de qualquer ordem poderiam empalidecer, permitindo brilhasse a madrugada de dias menos amargos.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O vendedor
de cântaros, do livro À sombra do olmeiro, pelo Espírito
Um Jardineiro, psicografia de Dolores Bacelar, ed.
Correio Fraterno do ABC.
Em 11.11.2021
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