Há quem acredite que os espíritas, por entrarem em contato com o mundo invisível, tudo sabem e com nada se comovem.
Nenhuma das afirmativas é verdadeira.
O espírita, como qualquer verdadeiro cristão, é alguém que traz o coração sensibilizado pelas dores do próximo. E chora. Pelas suas e pelas dores alheias.
Busca não se desesperar, mas extravasa seus sentimentos pela torrente das lágrimas mais de uma vez.
Analisando exatamente esse desaguar de sofrimentos através do pranto, é que um companheiro espírita teve oportunidade de escrever a respeito da lágrima:
Eu sou a pequenina gota d'agua que está em toda parte do Universo.
Nasci do orvalho da madrugada. Fui encontrada numa pétala de rosa que, sendo beijada pela luz do sol, fez de mim uma lágrima.
Encontro-me no doce olhar da criança, nos sonhos da juventude e na saudade do velho.
Ando por todos os caminhos do mundo...
Estou presente na alegria, na tristeza e no remorso, na dor e na saudade...
Estive junto a Jesus e caí dos Seus olhos quando Ele disse:
"Perdoa, Senhor! Eles não sabem o que fazem..."
Rolei na face de Maria, a Mãe Santíssima da Humanidade inteira, quando ela viu o seu filho amado abraçando o mundo com os braços da cruz...
Estou nos olhos de todas as mães!
Quando uma criança nasce, estou presente no seu primeiro vagido, e acompanho-a nos caminhos da vida, do berço ao túmulo...
O que mais me comove é o pranto do arrependimento, porque em mim brilha a luz da renovação que salva e edifica!
Nos olhos dos felizes ou dos desgraçados estou sempre presente a rolar pelas faces da sombra e da luz.
Enquanto houver pranto na Terra estarei sempre junto aos olhos das criaturas.
Um dia, espero não seja muito distante, alcançarei a imensidão do mar para me juntar às lágrimas de toda a natureza. Beijarei os rochedos...
Em mim se espelhará o céu profundo ante a luz do sol ou ante o brilho das estrelas.
O meu sonho é ser uma estrela...
Possuir o encanto da sua luz. Guiar os peregrinos do mundo e inspirar os poetas.
Desejo inspirar o homem e quando ele me vir nas noites mais escuras encontrará um novo alento e dirá, comovido:
"Obrigado, Senhor!
Agora creio em ti, porque vejo aquela estrela brilhando, brilhando sem cessar, dando testemunho da Tua presença e do Teu amor."
Eu desejo ser a estrela da crença e da fé.
* * *
Todas as lágrimas procedem de razões justas, embora não alcances prontamente as suas nascentes.
Há muita lágrima molhando finos lenços e muitas feridas ocultas em pesados tecidos de brocado ou renda, que nem todos identificam.
Cessa de chorar e enxuga outras lágrimas com o lenço da tua compreensão.
Redação do Momento Espírita com base em artigo de João Cabete,
publicado no jornal Correio da amizade, nov/1978 e no verbete
Lágrimas, do livro Repositório de sabedoria, v.2, pelo
Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 16.01.2009.