Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone Quando eu tiver partido...

 Amanhã, quando eu tiver partido, desejo que você me recorde como alguém que muito a amou.

Desejo que você me recorde como aquela pessoa que esperou meses para que você desabrochasse no mundo.

E, quando a viu,  pequenina,  necessitada de tantos cuidados, teve outros tantos meses de sobressalto, constatando a sua fragilidade.

Desejo que você recorde que foi muito amada, desde o anúncio de sua concepção.

Nascida, foi amada pela beleza dos seus traços, pelo brilho dos seus olhos e pela graça de cada gesto seu.

Desejo que recorde que aguardei seus primeiros balbucios, com ansiedade, para que me dessem a certeza de que você podia dominar as palavras.

Que vibrei com cada conquista sua. Estive ao seu lado quando você foi juntando as letras e leu sua primeira frase. E seu primeiro livro.

Que a busquei na escola, nos dias de sol e de chuva. E, mais de uma vez, andei com você na chuva, porque você, criança, adorava andar na chuva.

Que se lembre das tantas vezes que a levei ao parque. Rolei com você na grama. Subi e desci morros porque você dizia que queria vencer a montanha. E nunca lhe disse que aquilo era só um pequeno morro.

Escalei a montanha e atravessei o pequeno arvoredo, brincando de explorar florestas.

Quando eu não mais estiver ao seu lado, nesta vida, lembre que eu lhe acompanhei as vitórias na escola, na dança, na música.

Recorde dos meus aplausos, das lágrimas de felicidade, dos sorrisos e dos abraços.

Recorde das idas à Biblioteca, das pesquisas realizadas em conjunto, da busca nos livros e na Internet.

Eu espero que você tenha tudo guardado na sua lembrança. Os presentes escolhidos, os passeios programados, as idas ao cinema, a pipoca, o refrigerante, o lanche, o sorvete.

Eu espero, sobretudo, que você recorde das nossas conversas, dos comentários a respeito das cenas vistas e reprisadas.

Da emoção dos concertos e de como introduzi a boa música em sua vida, numa época em que você estava mais ligada em sons altos, ruído e agitação.

E de como você descobriu a música clássica, erudita e a beleza da música popular, regional, internacional, passando a apreciá-las, em tempo e momento devidos.

Espero que você recorde dos valores morais que exemplifiquei, dos diálogos com Deus de que lhe falei tantas vezes, espontâneos, brotando do coração.

Das preces que juntas fizemos, nas noites mal dormidas, nos dias de enfermidade, nos momentos de alegria.

Porque muito a amei, de onde eu estiver prosseguirei a velar por você. E isso eu desejo que você nunca esqueça.

O mundo poderá lhe apresentar espinhos e machucar seus sentimentos. O sucesso desejado poderá não chegar. Pessoas poderão lhe voltar as costas.

Mas, eu estarei velando por você porque o amor não fenece com o tempo, nem desaparece quando nos transferimos de um mundo para o outro.

Isso será muito importante que você não esqueça: do sentimento que jamais se extingue com o tempo, com a idade, com as alterações mais intensas ou mais profundas.

Por fim, espero que você me possa recordar com igual carinho e ternura com que lhe embalei os anos, os sonhos, as conquistas.

Porque far-me-á muito bem, onde eu esteja, receber as flores do seu coração, perfumadas, sedosas, dizendo que vivo em sua memória e na doçura da sua afeição.

Redação do Momento Espírita
Disponível no CD Momento Espírita, v. 14, ed. Fep.
Em 31.01.2010.

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