Conta-se que dois homens andavam juntos pela estrada, quando um deles percebeu que uma vespa se debatia aflita, dentro de uma pequena poça d'água.
O homem parou, abaixou-se e com a própria mão retirou-a da água.
O inseto, assustado, aplicou-lhe uma ferroada no dedo. O homem, ao sentir a dor fez vibrar a mão e a vespa caiu novamente na água.
Contudo, ele não desistiu. Apanhou um galho seco e novamente retirou o inseto da poça, salvando-lhe a vida.
O companheiro, impressionado com a ação do amigo, perguntou:
Por que você fez isso? A vespa o picou e ainda assim você a salvou?
O homem ponderou:
Os animais têm reações próprias quando se sentem ameaçados. É o instinto. Mas nós, que somos racionais, devemos ter um comportamento distinto, caso contrário, estaríamos agindo conforme um irracional.
Quando pisamos, sem querer na pata de um animal, este naturalmente, obedecendo ao instinto, desfere um coice, uma chifrada ou uma mordida. A isso chamamos reação. O animal reage. O homem deve agir, pois é racional.
Apesar da singeleza da história podemos extrair dela grandes ensinamentos.
Às vezes, quando lemos os jornais, nos deparamos com fatos que nos deixam dúvidas quanto à racionalidade de alguns comportamentos.
Já houve notícias a respeito de um motorista que desferiu vários tiros em outro veículo que lhe cortou a frente, como vulgarmente se diz, e assassinou uma das passageiras, que estava no banco traseiro do carro.
Outra notícia informa que, por causa de uma barbeiragem de um motorista, outro motorista, que se sentiu prejudicado, saiu do carro com um martelo na mão e lhe desferiu vários golpes na cabeça.
Chegam notícias também dos campos de futebol, das agressões físicas, das pessoas que se enfrentam a chutes e pontapés.
Vemos pela televisão as pessoas se atracarem umas contra as outras diante das câmeras, quando se reúnem para votar leis ou decidir sobre o destino do país. E isso também ocorre nos países ditos de Primeiro Mundo.
Nós nos perguntamos: somos homens ou feras?
Será que realmente podemos nos dizer racionais?
Já nos encontramos no século XXI e ainda não conseguimos alijar da nossa intimidade a ferocidade. Não conseguimos fazer jus à denominação de homo sapiens, dada pelos cientistas, que quer dizer homem que pensa. Ora, pensar é raciocinar, é usar a razão.
O que é mais triste... Grande parte dessas pessoas se diz cristã.
E nós nos recordamos dosensinamentos do Cristo de amar o próximo como a nós mesmos, de fazer ao próximo o que gostaríamos que o próximo nos fizesse.
O Mestre, que dizemos seguir, quando estava de mãos atadas, em julgamento arbitrário, foi esbofeteado por um soldado.
Embora ainda lhe restassem os pés soltos, Jesus não reagiu. Ao contrário, disse serenamente ao seu irmão equivocado: Se Eu errei aponta meu erro. Mas se não errei, por que me bates?
Mostrar a outra face é justamente mostrar o outro lado da situação, de conformidade com a ação do Cristo, se estivesse no nosso lugar.
* * *
Quando a esposa de Sócrates, o filósofo grego, soube que iriam obrigá-lo a beber cicuta, disse- lhe: Mas você é inocente!
Sócrates, no entanto, respondeu com sabedoria: E você preferiria que eu fosse culpado?
Quis com isso dizer que é preferível sofrer a cometer uma injustiça.
Redação do Momento Espírita.
Em 11.06.2008.