O feriado prolongado era esperado por todos os familiares com grande expectativa. A oportunidade seria boa para o reencontro daqueles que viajariam de cidades distantes em busca do aconchego do lar materno.
Aos poucos, iam chegando, trocando abraços de saudade, carinho, novidades...
Ninguém esperava que, na Agenda Divina, aquele dia estivesse marcado para o retorno de um dos familiares à Pátria espiritual. Menos ainda que fosse um pai e esposo dedicado, com pouco mais de quarenta primaveras, aparentemente forte e saudável...
A manhã do primeiro dia do reencontro transcorreu em clima de alegria e descontração. Mas a tarde seria de despedida e dor.
A filha adolescente foi a primeira a encontrar o corpo do pai, já sem vida, estendido sobre a cama.
O desespero do primeiro momento foi comovente. Ela, surpreendida pela cena inesperada, tomou das mãos imóveis do pai, e falou com voz embargada de lágrimas doloridas: Paizinho, você sabe o quanto eu o amo, pois eu nunca deixei de lhe dizer isso todos os dias... E eu também sei que você me ama, porque sempre ouvi isso de você. Valeu, pai!
A cena era comovedora...
A jovem, agora abraçada à mãezinha, que também chorava discretamente, aos poucos, foi relembrando os vários momentos de alegria vividos juntos, buscando fixar-se na certeza da imortalidade da alma, que aprendeu desde a infância.
Fatos como esse acontecem diariamente e continuarão acontecendo. A morte não se faz anunciar e chega sempre sorrateira.
O que muda é apenas a situação dos corações que partem e dos que ficam.
Será que você poderia dizer, como a jovem da nossa história, a um ser querido que partisse agora, que ele sabe o quanto você o ama?
Será que, se você partisse agora, seus amores saberiam que você os ama? Você costuma dizer isso a eles?
Geralmente, porque pensamos que nunca chegará a nossa vez, nem a vez dos nossos de fazer a viagem de volta à Pátria espiritual, deixamos para depois tantas coisas que poderiam ser feitas hoje.
São tantas oportunidades perdidas... tantas ações deixadas para depois....
Deixamos de dizer-lhes o quanto eles são importantes em nossa vida...
Adiamos a oportunidade de resolver uma pequena desavença que poderia ser resolvida agora.
Deixamos para mais tarde o abraço de ternura que nunca tivemos a ousadia de dar... O perdão de um pequeno deslize cometido pelo ser que admitimos amar, mas não confessamos em voz alta.
Deixamos passar a oportunidade de dar a atenção que deveríamos dar agora...
Adiamos para depois a vivência de momentos de alegria e descontração junto daqueles que fazem a nossa felicidade.
Se você estava deixando para depois, não perca mais tempo! Vá ao encontro dos seus amores e não poupe afeto nem palavras de carinho.
* * *
Quase sempre, o depois nos surpreende sem que tenhamos tempo de dizer as coisas boas que gostaríamos de dizer.
A maioria das pessoas só se decide por falar dos seus sentimentos nobres, depois que os ouvidos dos entes queridos já se fecharam para a vida física.
Ou, ainda, esperam para dizer depois que os lábios físicos já não atendem mais aos impulsos do cérebro.
Por tudo isso, não deixe para depois, porque o depois pode chegar demasiado tarde.
Pense nisso! Mas pense agora!
Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 1, ed. Fep.
Em 17.08.2009.