Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Silêncio prejudicial

A cena se repete, muitas vezes, no seio das famílias, sejam pobres ou ricas.

Os filhos dizem que viram certas coisas, que ouviram determinados ruídos e, sem verificação alguma, os pais dizem que aquelas coisas não existem. Que não há barulho algum.

Se as crianças insistem, dizendo que viram mesmo, que é tudo verdade, recebem repreensão e até castigo.

Não existe isso! – É o que falam os pais. Como se fossem os conhecedores de tudo que se encontra no céu, na terra e no mar.

Com isso, criam alguns problemas para si mesmos.

O primeiro e, possivelmente, o mais letal para o relacionamento entre eles e os filhos é a perda da qualidade de confidentes de seus rebentos.

Logo, as crianças estão buscando ouvidos que as ouçam. E encontram na empregada da casa, na babá, em tios, avós e em pessoas fora do lar.

Fazem e mantêm amizades fora do lar, dessa forma. Pessoas que estão dispostas a ouvi-las, diga-se, nem sempre com boas intenções.

O segundo e grave problema é o mutismo intencional da criança. Se o que ela vê, ouve, percebe é catalogado pelos pais como mentira, invencionice, produto de sua fértil imaginação, ela se cala.

Calando-se, passa a viver entre o susto e o pavor.

Porque vê e ouve coisas que outros não ouvem nem veem, se acredita anormal, diferente.

A sequência é lógica: isola-se, temendo fazer amizades que poderão vir a descobrir como ela é estranha.

Sem quem a oriente, auxilie, explicando o que lhe ocorre, ou procurando auxílio terapêutico, quando preciso, a criança fica à mercê de muitas dificuldades.

A cinematografia tem explorado, há muito tempo, e sempre com maior intensidade, essas questões.

Filmes mostram como quem não é ouvido em casa, não é acreditado no que afirma ver, ouvir e sentir, acaba criando amizades fora do lar.

Por vezes, amizades positivas que auxiliam muito. De outras, pessoas sem escrúpulos que delas se servem para seus próprios e sombrios objetivos.

A literatura não tem sido menos pródiga em exemplos e, contudo, parece que muitos pais ainda não entendem.

Continuam na sua mesma e irredutível posição do se eu não vejo, não ouço, não existe.

Na qualidade de guardiões de seus filhos, cabe aos pais ouvir sempre, pesquisar, indagar.

Pode ser tudo fantasia. Se for, recordemos que também já fomos crianças e administremos a questão, com propriedade.

Se forem fatos que lhes ocorrem, observemos.

Muitos dramas poderiam ser evitados, se pais desatentos tivessem ouvido as queixas dos pequenos sobre os maus tratos ou os castigos recebidos de mãos alheias.

Se forem Espíritos o que vê e ouve nosso filho, acredite-se ou não na existência deles, há que se ofertar apoio.

Pode ser o da prece, nos momentos do medo. Ou a explicação natural de que os Espíritos estão em toda parte; que os bons não nos desejam o mal; que os maus necessitam de nossas orações.

Também a mão amiga, o colo protetor, a fim de que o filho saiba que pode contar conosco.

Se for início de algum problema mental, o se detectar os sinais o mais cedo possível, somente beneficiará o seu portador.

Porque, como pais, procuraremos a ajuda terapêutica, salvaguardando desastres para o futuro.

*   *   *

Pensemos nisso e aprendamos a ouvir o que têm a dizer os nossos filhos.

Fantasia, presenças espirituais ou criações mentais, não importa. Escutemos e orientemos com bom senso sempre.

 Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 8 e no
CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP.
Em 30.3.2015.

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