Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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Conta-se que o legislador Licurgo foi convidado a proferir uma palestra a respeito de educação. Aceitou o convite mas pediu, no entanto, o prazo de seis meses para se preparar.

O fato causou estranheza, pois todos sabiam que ele tinha capacidade e condições de falar a qualquer momento sobre o tema e, por isso mesmo, o haviam convidado.

Transcorridos os seis meses, compareceu ele perante a assembleia em expectativa.

Postou-se à tribuna e logo em seguida, entraram dois criados, cada qual portando duas gaiolas. Em cada uma havia um animal, sendo duas lebres e dois cães.

A um sinal previamente estabelecido, um dos criados abriu a porta de uma das gaiolas e a pequena lebre, branca, saiu a correr, espantada.

Logo em seguida, o outro criado abriu a gaiola em que estava o cão e esse saiu em desabalada carreira ao encalço da lebre. Alcançou-a com destreza, trucidando-a rapidamente.

A cena foi dantesca e chocou a todos. Uma grande admiração tomou conta da assembleia e os corações pareciam saltar do peito.

Ninguém conseguia entender o que Licurgo desejava com tal agressão.

Mesmo assim, ele nada falou. Tornou a repetir o sinal convencionado e a outra lebre foi libertada. A seguir, o outro cão.

O povo mal continha a respiração. Alguns mais sensíveis, levaram as mãos aos olhos para não ver a reprise da morte bárbara do indefeso animalzinho que corria e saltava pelo palco.

No primeiro instante, o cão investiu contra a lebre. Contudo, em vez de abocanhá-la, deu-lhe com a pata e ela caiu.

Logo ergueu-se e se pôs a brincar.

Para surpresa de todos, os dois ficaram a demonstrar tranquila convivência, saltitando de um lado a outro do palco.

Então, e somente então, Licurgo falou: Senhores, acabais de assistir a uma demonstração do que pode a educação. Ambas as lebres são filhas da mesma matriz, foram alimentadas igualmente e receberam os mesmos cuidados. Assim igualmente os cães.

A diferença entre os primeiros e os segundos é, simplesmente, a educação.

E prosseguiu vivamente o seu discurso dizendo das excelências do processo educativo.

A educação, baseada numa concepção exata da vida, transformaria a face do mundo.

Eduquemos nosso filho, esclareçamos sua inteligência, mas, antes de tudo, falemos ao seu coração, ensinemos a ele a despojar-se das suas imperfeições. Lembremo-nos de que a sabedoria por excelência consiste em nos tornarmos melhores.

*   *   *

Licurgo foi um legislador grego que se  calcula deva ter vivido no século quarto antes de Cristo.

O verbo educar é originário do latim educare ou educcere e quer dizer extrair de dentro.

Percebe-se portanto, que a educação não se constitui em mero estabelecimento de informações, mas sim em se trabalhar as potencialidades interiores do ser, a fim de que floresçam, à semelhança de bela e perfumada flor.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. LIV do livro
Depois da morte, de Léon Denis, ed. Feb.
Em 7.2.2012.

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