Pelos caminhos do mundo, quem deixou de se deparar com a crueldade? O tempo passa, mudam os governantes, caem os impérios e o ser humano permanece com a crueldade a lhe assinalar a trajetória.
Na aurora da Humanidade, imperava a barbárie. Os povos primitivos, sem maturidade moral, resolviam as questões tendo a violência como base.
Naquela época remota, as coisas eram arrancadas à força, os homens indiferentes às mortes e as torturas, uma constante aceitação pelo grupo social. Valiam todos os meios para fazer prevalecer a própria vontade.
Aos poucos, o conceito de crueldade foi se modificando. O que antes era aceito como fenômeno natural, passou a ser considerado como inaceitável.
Para nós, brasileiros, há um momento recente de nossa História que nos permite observar como evoluiu o conceito de crueldade. É o caso da escravidão dos povos africanos.
Se nos detivermos a analisar a vida cotidiana no século 19, concluiremos com horror que a escravidão era não apenas aceita socialmente, como a crueldade no trato com os escravos perfeitamente tolerada.
Protegida pelas leis e pelas conveniências sociais, a crueldade que vitimava os escravos se tornara prática do cotidiano.
Castigos físicos, açoites, mutilações, assassinatos, venda de crianças - toda essa série de práticas tenebrosas acontecia à luz do dia. E raras eram as vozes que vinham em socorro dos oprimidos.
Hoje, todas essas práticas horrorizam a maioria das pessoas. Mas ainda há os que as praticam.
Quem não ouviu falar das torturas a prisioneiros de guerra em pleno século XXI? E as discriminações? E as vítimas de tráfico e exploração de mulheres, trabalhadores e crianças?
Para o ser humano, cujo senso moral ainda está em aperfeiçoamento, basta surgir uma oportunidade para que os velhos maus instintos apareçam.
Então concluímos que a pressão social e o refinamento dos costumes empurrou a crueldade para os subterrâneos. Reduziu muito, mas ainda não a fez desaparecer inteiramente.
E é por isso que ainda vemos as lamentáveis cenas de violência nas ruas: assaltos, homicídios, torturas, espancamentos. Tudo para se obter poder, riquezas, bens materiais.
Também é comum ver nos dias atuais a crueldade que se esconde dentro dos lares, com mulheres e crianças feridas física e emocionalmente.
A crueldade humana atinge até mesmo outras espécies. Animais são espancados até a morte, muitas vezes por simples prazer.
Perante esse cenário de desesperança, o que podemos fazer?
A resposta foi dada há dois milênios, por Jesus Cristo: Amar. Que é o amor senão a força que substitui as armas, pondo flores em seu lugar?
Certamente não estamos falando do amor romântico, mas do amor incondicional. Aquele que os gregos chamavam de ágape.
É um amor tão pleno que atinge a tudo o que foi criado por Deus. Pessoas, estrelas, árvores, oceanos.
Mas para alcançar esse estado, é preciso - antes de tudo - disciplina. Disciplina? Sim, disciplina para conter os impulsos do egoísmo.
Quem ama verdadeiramente, busca antes alegrar a vida do outro com gestos de afetividade e de concessão.
Na longa trajetória humana, aos poucos vamos aprendendo a amar. Inicialmente, amamos poucos: família, amigos. Depois vamos ampliando o círculo.
Até que um dia, plenos de gratidão a Deus, olharemos para todas as Suas criaturas com tanta ternura que nosso coração transbordará de alegria.
Nesse dia, seremos incapazes de atos de crueldade. Nesse dia, então, haverá pleno amor em nós.
Redação do Momento Espírita.
Em 05.08.2009.