Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra.
Por esta e outras máximas, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.
Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês que alguém possa usar para com seu semelhante.
Podemos perceber, dessa forma, que os ensinos de Jesus não são bem compreendidos por nós e, menos ainda, vivenciados.
Prova disso é o nosso comportamento diário, diante de situações e pessoas.
Dia desses, transitávamos, de carro, por uma rua da nossa cidade e paramos no semáforo, quando o sinal fechou para a via em que nos encontrávamos.
Observamos no veículo ao lado um adesivo com a seguinte citação evangélica: Já não sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em mim.
A frase nos lembrou do Apóstolo Paulo, que a escreveu e chamou nossa atenção pela beleza da ideia que expressa.
Ainda estávamos extasiados pelo belo pensamento quando vimos se aproximar um desses garotos que entregam panfletos de propaganda nas esquinas.
A senhora que dirigia o veículo, com aquele maravilhoso adesivo, gesticulou, raivosa, espantando o menino.
Mais uma vez nos demos conta de que Jesus tem sido muito divulgado, mas pouco vivido.
Para que o Cristo possa de fato viver em nós, é necessário que nos esvaziemos um pouco do egoísmo.
Enquanto estivermos cheios de nós mesmos, certamente não haverá lugar para Ele, em nossa intimidade.
É muito fácil viver os ensinamentos de Jesus dentro dos templos religiosos que frequentamos, onde a situação e as pessoas nos favorecem.
Quando tudo está calmo e todos se comportam com serenidade, é fácil sermos brandos e pacíficos.
Todavia, os ensinos do Mestre de Nazaré devem ser vivenciados em todas as horas do nosso dia.
É verdade que algumas coisas não são bem como gostaríamos que fossem.
Não nos agrada encher o veículo de papéis e mais papéis, que nos são entregues a cada parada no semáforo. Mas será preciso agredir com palavras aqueles que os entregam?
Agindo assim, deixamos de lado outro ensino do Cristo: Fazer ao próximo o que gostaríamos que ele nos fizesse.
É importante, antes de agirmos com rudeza, colocarmo-nos no lugar do outro e nos perguntarmos como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos em seu lugar.
Se fizermos isso, com toda certeza não nos equivocaremos mais. Como consequência, estaremos agindo como verdadeiros cristãos.
* * *
Os mundos, como as criaturas, igualmente evoluem.
É dessa forma que podemos entender a afirmação de Jesus de que os brandos herdarão a Terra.
Nosso planeta, que é um planeta de expiações e provas, se encontra em transição para mundo de regeneração.
Nele permanecerão os Espíritos que se melhoraram, adaptando-se a essa nova ordem.
Os que persistirmos no mal, iremos para outros planetas, de conformidade com nossa condição evolutiva.
É assim que se expressa a Justiça Divina. A ninguém desampara, mas também a ninguém privilegia. Todos temos as mesmas chances, basta que saibamos aproveitá-las.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. IX, item 4, de
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 26.9.2022.
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