Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Terceirizando responsabilidades

Um artigo publicado no jornal nos chamou a atenção, pelo tema enfocado. Tratava das desculpas que sempre damos para justificar a nossa infelicidade.

O articulista dizia que um amigo seu, depois de mais de uma década de casamento infeliz, separou-se e, após temporária euforia, caiu em profunda tristeza.

Curioso, perguntou-lhe: “qual a razão para tanto sofrimento?”.

E seu amigo respondeu: “aquela maldita está me fazendo uma grande falta, pois agora já não tenho a quem culpar pela minha infelicidade”.

O curioso é que muitas vezes nós também agimos de maneira semelhante, pois sempre estamos à procura de alguém a quem responsabilizar pela nossa infelicidade.

E isso é resultado do atavismo que trazemos embutido na nossa forma de pensar e agir.

Quando somos jovens ouvimos nossos pais e amigos dizerem que um dia encontraremos alguém que nos faça feliz.

Então acreditamos que esse alguém tem a missão de nos trazer a felicidade. E passamos a aguardar que chegue logo para fazer o milagre.

Mas, antes disso, quando ainda somos criança, nossos pais acham sempre algo ou alguém a quem culpar pelo nosso sofrimento.

Se nos descuidamos e tropeçamos numa pedra, a culpa foi da pedra, que não saiu da nossa frente.

Se brigamos com o amiguinho, foi ele que nos provocou. Se tiramos nota baixa na escola, a culpa é do professor que não soube nos ensinar.

E é assim que vamos terceirizando nossos problemas e nossa felicidade. E, por conseguinte, as responsabilidades e as soluções.

Se sinto ciúmes, é porque a pessoa com quem me relaciono não permite que eu dirija a sua vida. Embora devesse admitir que é porque não sinto confiança em mim.

Se a inveja me consome, a culpa é de quem se sobressai, de quem estuda mais do que eu, de quem avança e não me dá satisfação dos seus atos.

Se alguém do meu relacionamento tem mais amizades e recebe mais afeto do que eu, fico inventando fofocas para destruir as relações, em vez de conquistar, com sinceridade e dedicação, o afeto que desejo.

Se uma amiga, ou amigo, faz regime e emagrece, e eu não consigo, fico infeliz por isso.

Se tenho problemas de saúde e não melhoro, a culpa é do médico, afinal eu o pago para me curar e ele não cumpre o seu dever..., ainda que eu não siga as suas orientações.

Se não consigo um bom emprego é porque ninguém me valoriza, e às vezes esqueço de que há muito tempo não invisto na melhoria de minha qualidade profissional.

Pensando assim, nós nos colocamos na posição de vítimas, julgando que só não somos felizes por causa dos outros. Afinal, ninguém sabe nos fazer feliz...

Importante pensar com maturidade a esse respeito, pois somente admitindo que somos senhores da nossa vida e do nosso destino, deixaremos de encontrar desculpas, e faremos a nossa parte.

Se seus relacionamentos estão enfermos, analise o que você tem oferecido aos outros. De que maneira os tem tratado. Que atenção tem lhes dado.

Considere sempre que você pode ser o problema. Analise-se. Observe-se. Ouça a sua voz quando fala com os outros.

Sinta o teor de suas palavras. Preste atenção quando fala de alguém ausente.

Depois dessas observações, pergunte-se, sinceramente, se você tem problemas ou se é o próprio problema.

Não tenha medo da resposta, afinal você não deseja ser feliz?

Então não há outro jeito, a não ser enfrentar a realidade...

A felicidade é construção diária e depende do que consideramos o que seja ser feliz.

Se admitimos que a felicidade é uma forma de viver, basta aprender a arte de bem-viver.

E bem viver é buscar a solução dos problemas, sem terceirização...

É assumir a responsabilidade pelos próprios atos.

É admitir que a única pessoa capaz de lhe fazer feliz, está bem perto...

Para vê-la é só chegar em frente ao espelho, e dizer: “muito prazer pessoa capaz de me fazer feliz!”

Pense nisso, e vá em busca de sua real felicidade, sem ilusões e sem medo.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em artigo de Oriovisto Guimarães, intitulado “Os verdadeiros inimigos do Brasil”, publicado no jornal Gazeta do Povo, no dia 03/12/2005.

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