Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Supérfluo e necessário
 

Dia desses lemos num jornal de grande circulação o artigo de um professor de economia, que nos chamou atenção pela lógica e beleza da argumentação.

Em seu texto, o economista traça algumas objeções à intenção de parlamentares que defendem o aumento de impostos sobre produtos ditos supérfluos.

E o professor inicia seu texto da seguinte forma:

A felicidade está nas emoções e nos relacionamentos, e não nas coisas.

As coisas não têm valor em si mesmas; elas só valem pela capacidade de satisfazer alguma necessidade vital ou para permitir a expressão de algum sentimento ou emoção.

O alimento vale porque mata a fome; a roupa, porque abriga o corpo; a cama, porque propicia o repouso.

Essas são, todas, necessidades vitais, sem as quais o corpo físico perece.

Já uma música vale pela sensação de êxtase; um romance, pelo prazer da leitura; uma comédia, pela alegria do riso. Essas são emoções da mente, do espírito ou da alma.

Sem elas, o corpo não fenece, mas o ser humano se entristece.

Há produtos que atendem às duas necessidades: a vital e a emocional.

Quando alguém compra uma roupa bonita, ela abriga o corpo, mas também permite o exercício da vaidade, cumprindo, assim, as duas funções.

Volta e meia retornam as propostas de tributar, com altas taxas, os chamados "bens supérfluos", entendendo como tais aqueles de que o ser humano não precisa para manter-se vivo e que, portanto, deveriam sofrer pesada tributação.

Entre outros argumentos, muito lógicos e coerentes, o economista acrescenta:

Esse seria um imposto da raiva, ou seja, ao verem as pessoas comprando bens e serviços que, a juízo de alguns, são chamados supérfluos, porque não são destinados à manutenção da vida do corpo físico, resolvem que eles devem ter pesada carga tributária.

Outro equívoco é que tal visão do que seja um bem supérfluo é pequena, mesquinha e reducionista do que seja a vida na Terra.

O ser humano não é um animal sem consciência, sem desejos, sem vontades, sem emoções, sem um código de ética, sem sentimentos, sem espírito e sem alma.

Para os ateus, pode até ser sem Espírito e sem alma, mas as demais características estão presentes na personalidade desse ser único.

Os bens necessários à manutenção da vida, como alimento, roupa e abrigo, não são os únicos para a realização da condição humana.

A beleza desse animal racional está precisamente na grande variedade de aspectos, na complexidade desse ser e nas diferentes formas de viver e de ver a vida.

É uma atitude de arrogância e prepotência querer atribuir, a quem quer que seja, a condição de julgar e concluir o que é e o que não é produto supérfluo.

Ninguém tem condição de ser árbitro das necessidades e dos produtos que fazem outrem feliz.

A respeito do necessário e do supérfluo, Allan Kardec fez o seguinte comentário, em O livro dos Espíritos:

Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo.
A civilização criou necessidades que o selvagem desconhece.
E não se pretende que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas.

A civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da civilização.

Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara.

Redação do Momento Espírita com base em artigo homônimo, do prof.
 José Pio Martins, publicado no jornal Gazeta do Povo, no dia
03/11/2005, e no item 717 de O livro dos Espíritos, de
Allan Kardec, ed. Feb.
Em 23.12.2009.

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