Momento Espírita
Curitiba, 24 de Novembro de 2024
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ícone Os bens da Terra

Acontece vez ou outra. Passamos em frente a uma loja e lá está o aviso: “fechado para balanço.”
É. A empresa parou um dia para fazer a verificação do estoque, entre outras tantas providências.
É um dia em que pára o fluxo de clientes, das compras e vendas para tomar pé, verdadeiramente, do que existe no interior da loja, no almoxarifado, etc.
Essa é uma providência que, cada um de nós, pessoa física, deveria tomar de vez em quando.
Fazer um levantamento de tudo o que guarda em casa. Com certeza, iríamos descobrir coisas que nem lembramos mais que um dia guardamos.
O jogo de toalhas bordado pela vovó e presenteado há muito tempo. Que nunca usamos. Para não estragar. Para não gastar.
Mas, afinal para que ele nos foi dado? Algo tão bonito, primoroso, bordado com tanto carinho. Fica lá, no armário, guardado.
Ninguém vê. Ninguém usa. Ninguém aproveita. A não ser as traças que, ao menor descuido, vão fazer belas e substanciosas refeições.
E aquele conjunto de saia e blusa tão bonito? Está guardado há tanto tempo, que já passou da moda. Agora, não dá mais para usar mesmo.
Mas nós o havíamos guardado para usar em uma ocasião especial. Que de tão especial ainda não chegou.
E aqueles sabonetes em formato de concha adquiridos na feira de artesanato? Quanto tempo ficarão guardados? Para que?
Logo mais eles perderão o perfume, perderão o colorido. Para que haverão de servir?
Livros, roupas, guardados. Eles vão se acumulando. Esse fica guardado porque foi fulano que nos deu. Aqueloutro, porque nos recorda determinada ocasião.
Convenhamos. As coisas são para serem usadas, aproveitadas. Guarda-se tanto que depois de algum tempo, acaba-se tendo que jogar fora.
Ninguém aproveitou, nem aproveitará.
Desapegar-se dos bens quer dizer também ter as coisas e servir-se delas. Tê-las para serem usadas, para atender as necessidades.
Quem muito amontoa, não usufrui. Aprendamos a nos servir do que nos é dado ou do que adquirimos com o próprio esforço.
Há quem compra um carro, mas não viaja com ele, para não gastá-lo. Não vai a determinados lugares porque pode ser estragado.
A poeira, a estrada, a vizinhança. Sempre há uma desculpa para não o utilizar. Os meses passam. O carro continua novo. Mas não serve ao seu objetivo: ser meio de transporte.
Há quem adquire calçados, guarda-os novos no armário, mas usa sempre o mesmo par, até acabar.
As coisas são para servir ao homem, não para o escravizarem.
Façamos um inventário do que temos em casa, desalojemos dos armários o que está guardado há muito tempo sem servir a ninguém.
E coloquemos tudo a benefício nosso ou de quem precise.
A propósito, para um exercício inicial, podemos começar com as coisas mais simples.
Comecemos com o sabonete que somente ornamenta a pia ou está ainda guardado na caixa bonita, cheia de laços.
Lembremos: a forma aprisiona. Demos a ele a chance de ser uma outra coisa. Uma espuma perfumada em nossas mãos.

***

É natural o desejo do bem-estar. É um direito de todos os homens o uso dos bens da terra.
Servir-se deles com sabedoria é o que o homem deve buscar.
Isso lhe constituiu ao mesmo tempo, uma prova, pelas tentações que propicia, quanto uma missão, para dar aos bens terrenos a melhor utilidade.

Equipe de Redação do Momento Espírita.

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