Contou-nos
um professor, que um dia desses deu carona a uma amiga e esta estava irradiando
felicidade.
O motivo da
sua alegria era o fato de haver vencido algo que a atormentava desde a infância:
o medo de atravessar passarelas.
Moradora de
uma cidade grande, vez ou outra precisava atravessar uma rua movimentada
utilizando as passarelas destinadas aos pedestres.
Sempre que ia
enfrentar esse terror, ela se agachava, se agarrava ao parapeito e seguia
engatinhando como se fosse um bebê.
Naquele dia,
em que conversava com o amigo, ela contou que, quando estava quase no meio do
trajeto, começou a conversar consigo mesma sobre o tormento do medo.
Viu-se, ali, agarrada às muretas, se
arrastando como se a passarela fosse desabar em minutos, e se questionou: “como
pode uma mulher de quase 50 anos de idade estar rastejando desse jeito, enquanto
crianças passam descontraídas e confiantes!?”
“Isso não faz
sentido!”
E, buscando
uma força interior que não imaginava possuir, levantou-se, respirou fundo,
apoiou a mão suavemente sobre o parapeito, e seguiu.
Mas não foi
só isso!
Desafiando o
próprio medo ela ousou olhar para baixo, os carros que transitavam em alta
velocidade.
Os primeiros
momentos foram de luta íntima entre a confiança e a fobia, mas venceu o bom
senso e ela chegou ao outro lado, irradiando felicidade.
Havia derrotado o monstro que a aterrorizou por longo tempo.
Muitos de
nós temos nossas passarelas para enfrentar.
E elas se
apresentam das mais variadas formas e nos mais inesperados momentos.
São as fobias
e medos que nos infelicitam, que nos fazem rastejar, que nos impedem os passos
na travessia dos obstáculos necessários ao nosso crescimento espiritual.
E muitas
dessas passarelas são fruto da nossa imaginação, da nossa falta de fé, da nossa
insegurança.
Importante
que pensemos no objeto dos nossos medos com a seriedade que o assunto exige.
Existem
perigos reais que provocam o medo racional, que aciona o instinto de conservação
com o fim de preservar nossa integridade moral e física. Isso é perfeitamente
natural.
Mas também
existem perigos imaginários, que impedem nossa caminhada e nos deixam ilhados
nos limites gerados pelo medo irracional, o medo sem sentido.
Quando, por
exemplo, nos deparamos com uma ponte que está rachada, com vários indícios de
que poderá desabar, evitar a travessia é decisão de bom senso. Esse medo é
perfeitamente racional.
Mas quando a
ponte está firme, sólida, não oferece risco algum, e ainda assim sentimos medo
de atravessar, esse temor é sem sentido, sem razão de ser. É o medo irracional.
Por isso é
importante que façamos uma análise consciente das nossas fobias, para que o medo
irracional não nos impeça os passos na direção da felicidade que desejamos
alcançar.
Vale a pena
enfrentar nossas passarelas com disposição e coragem, para que possamos sentir a
satisfação de chegar à outra margem da rua, do rio, dos obstáculos variados.
E atravessar
essas passarelas pode significar simplesmente derrotar o medo de ser feliz, que
por vezes nos distancia de um abraço de reconciliação, de perdão, de conquistar
uma virtude qualquer...
Pense nisso!
Se você
está diante da sua “passarela”, sem coragem de dar o primeiro passo, medite
sobre o seguinte:
Você é um
espírito milenar que traz na intimidade a chama sagrada do Criador, não precisa
engatinhar como um bebê.
Acione a
vontade e decida atravessar com confiança.
Agindo assim
você perceberá que a cada auto-enfrentamento você encontrará mais e mais forças
para alcançar a outra margem, com destemor e em segurança.
Pense nisso!
Equipe de Redação do Momento Espírita, sob inspiração de conferência de J. Raul Teixeira, no dia 12/12/2004, no Clube Morgenau, Curitiba-PR.