Oito da noite, numa grande e movimentada capital.
O casal está atrasado para jantar na casa de alguns amigos.
O endereço é novo, assim como o caminho, que ela conferiu antes de sair.
Ele dirige o carro. Ela sugere que use o GPS ou o WAZE.
Ele diz que não precisa. Conhece a cidade, tem senso de direção. Tem certeza da rota a seguir.
Ela ainda insiste mas, percebendo que poderão ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida.
Ele vira à direita aqui, à esquerda ali, faz um retorno e se dá conta: está perdido.
Embora com certa dificuldade, admite que não conhece as ruas daquele bairro. E agora estão ainda mais atrasados.
Ela sorri e diz que não há problema algum. Os amigos haverão de entender.
Mas ele quer saber por que se ela tinha tanta certeza de que estava errado, não insistiu um pouco mais.
E ela diz: Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma briga. Se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite.
* * *
Certamente, uma sábia decisão.
Muitas vezes, perdemos oportunidades de viver momentos felizes porque queremos provar que estamos com a razão. Ou, pensamos estar.
Não defendemos a omissão ou o não uso da razão, mas tão somente o uso da razão com sensibilidade.
Quantas amizades destruímos por causa de uma obstinação em defender um ponto de vista?
Quanto tempo perdemos na elaboração de argumentos para convencer alguém de que temos razão?
Será que vale a pena essa maneira de ser?
É de nos perguntarmos se nos cabe perder a paz na tentativa de provar que estamos certos.
Mais sábio seria se preferíssemos a harmonia, em vez de brigar por pequenas questões irrelevantes.
É evidente que há momentos em que devemos defender nossa posição, e bom será se o fizermos, sem nos perturbarmos, no entanto.
É importante considerar que para discordar não precisamos nos desentender.
Podemos não concordar com alguém e, ainda assim, preservar a amizade e o respeito por ele.
Dessa forma, antes de agir, pensemos:
Será que vale a pena perder a calma para defender esse ponto de vista?
Será este o momento certo para expor nossa opinião?
Será este o momento de impor nossas razões?
Prestemos mais atenção em nossas palavras e optemos por ser felizes, por ter paz, em vez de ter razão.
Utilizemos os nossos esforços em prol da harmonia comum.
A nossa paz íntima é um patrimônio que ninguém pode nos furtar, a menos que permitamos.
Jesus, o Mestre por excelência, tinha razão sempre, mas jamais tentou impô-la a quem quer que seja.
Convidava: Vinde a mim, vós que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei.
Um convite para quem quisesse. Quando quisesse.
Também disse: Quem quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz, renuncie a si mesmo e siga-me.
Simplesmente assim: quem quiser. E ninguém mais do que Ele sabia que o que propunha era o melhor para toda a Humanidade.
Também sabia que cada um de nós tem seu próprio tempo, seu momento de adesão.
Aprendamos com Ele, nosso Modelo e Guia.
Redação do Momento Espírita, com utilização de
parte do artigo de Caco de Paula, publicado na
revista Vida simples, de 17.6.2004, ed. ABRIL.
Em 12.1.2022.
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