No livro
“A essência da amizade”, encontramos um precioso texto de autoria de Huberto
Rohden, que trata da velha questão da maledicência.
Com o título
de Não fales mal de ninguém, o referido autor tece os seguintes comentários:
“Toda pessoa
não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar
mal dos outros.
Qual a razão
última dessa mania de maledicência?
É um complexo
de inferioridade unido a um desejo de superioridade.
Diminuir o
valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.
A imensa
maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma.
Necessita
medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.
Esses homens
julgam necessário apagar luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais
intensamente a sua própria luz.
São como
vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz
das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.
Quem tem
bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para
poder brilhar.
Quem tem
valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros.
Quem tem
vigorosa saúde espiritual não necessita chamar doentes os outros para gozar a
consciência da saúde própria.”(...)
“As nossas
reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.
Falar mal das
misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin
ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa
epidemia.”
A palavra
é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens.
Ela, porém,
nem sempre tem sido utilizada devidamente.
Poucos são os
homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar
dores e traçar rotas seguras.
Fala-se muito
por falar, para “matar tempo”.
A palavra,
não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da
maledicência e em bisturi da revolta.
Semelhantes a
gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.
Falando,
espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano.
Falando, não
há muito, Hitler hipnotizou multidões, enceguecidas que se atiraram sobre outras
nações, transformando-as em ruínas.
Guerras e
planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.
Há quem
pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel.
Há aqueles
que falam meigamente, cheios de ira e ódio.
São enfermos
em demorado processo de reajuste.
Portanto,
cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da
maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.
Pense nisso!
Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.
Evitemos a
censura.
A
maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.
Se desejamos
educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente.
Toda a
palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que
culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz.
Enriqueçamos
o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina.
Porque, de
acordo com o Evangelho de Lucas, “a boca fala do que está cheio o coração”.
Pensemos nisso.
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro A essência da amizade, Editora Martin Claret, pp. 21-24, ed. 2001 e no capítulo 35 do livro Convites da vida, de Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.