Cheng era discípulo de um sábio monge de nome Ling.
Quando Cheng acreditou estar pronto para assumir a condição de liderar seu povo, foi conversar com seu mestre.
No alto de uma montanha, se encontraram.
Observe este rio. - Falou o monge. Qual a importância dele?
Cheng observou o rio, o seu vale, a vila, a floresta, os animais e respondeu:
Este rio é a fonte do sustento de nossa aldeia. Ele nos dá a água que bebemos, os frutos das árvores, a colheita da plantação, os animais que estão ao nosso redor.
Também nos permite o transporte das mercadorias.
Nossos antepassados construíram estas casas aqui, justamente por causa dele. Nosso futuro depende deste rio.
O monge Ling colocou a mão na cabeça do discípulo e lhe pediu que continuasse a observar.
Meses se passaram e o mestre repetiu a pergunta ao discípulo.
Observe este rio. Qual a importância dele?
Este rio é fonte de inspiração para nosso povo. Sua nascente é pequena e modesta. Porém, com o curso do rio, a correnteza se torna forte e poderosa.
Este rio tem um objetivo: chegar ao oceano, mas para lá chegar terá de passar por muitos lugares e por muitas mudanças. Terá de receber afluentes, contornar obstáculos.
Como o rio, temos de aprender a fluir. O formato do rio é definido pelas suas margens assim como nossas vidas são influenciadas pelas pessoas com as quais convivemos.
O rio, sem as suas margens, não é nada. Sem nossos amigos e familiares também não somos nada.
O rio nos ensina que uma curva pode ser a solução de um problema porque, logo depois, podemos encontrar um vale que desconhecíamos.
O rio tem suas cachoeiras, suas turbulências, mas continua sempre em frente. Ele nos ensina que uma mudança imprevista pode ser uma oportunidade de crescimento.
O monge colocou a mão na cabeça do discípulo e o orientou a continuar suas observações.
Meses transcorridos, retornou o mestre a formular a mesma pergunta.
Mestre, respondeu Cheng, vejo o rio em outra dimensão. Vejo o ciclo das águas. A água que já virou nuvem, chuva e penetrou na terra diversas vezes. Ora há a seca, ora a enchente.
O rio nos mostra que, se aprendermos a perceber esses ciclos, o que chamamos de mudança será apenas a continuidade de um ciclo.
A atitude do mestre foi pedir que continuasse a observar.
Transcorreram os meses. Perante o mesmo questionamento, respondeu Cheng:
Mestre, este rio me mostrou que cada vez que eu o observo, aprendo algo de novo.
É observando que aprendemos.
Não aprendo quando as pessoas me dizem algo, mas quando as coisas fazem sentido para mim.
O mestre sorriu. Sereno, aduziu:
Como é difícil aprender a aprender. Vá e siga seu caminho, meu filho.
* * *
Tantas palavras sábias já nos foram ditas.
Tantos ensinos maravilhosos o Mestre Nazareno nos deixou.
Porém, quanto disso realmente passou a integrar nossa consciência, alterando nossas atitudes perante a vida?
Pensemos nisso, agora, enquanto morrem os acordes finais desta mensagem...
Redação do Momento Espírita, com base no livro
As mais belas parábolas de todos os tempos, v. I,
organizado por Alexandre Rangel, ed. Leitura.
Em 24.2.2022.
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