Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone O poço e a pedra
 

Um monge peregrino caminhava por uma estrada quando, do meio da relva alta, surgiu um homem jovem de grande estatura e com olhos muito tristes.

Assustado com aquele aparecimento inesperado, o monge parou e perguntou se poderia fazer algo por ele.

O homem abaixou os olhos e murmurou envergonhado:

Sou um criminoso, um ladrão. Perdi o afeto de meus pais e dos meus amigos. Como quem afunda na lama, tenho praticado crime após crime. Tenho medo do futuro e não sinto sossego por nenhum instante. Vejo que o senhor é um monge, livre-me então desse sofrimento, dessa angústia!

O monge, que ouvira tudo em silêncio, fitou os olhos daquele homem e alguns instantes depois disse:

Estou com muita sede. Há alguma fonte por aqui?

Com expressão de surpresa pela repentina pergunta, o jovem respondeu:

Sim, há um poço logo ali, porém não há roldana, nem balde. Tenho aqui, no entanto, uma corda que posso amarrar na sua cintura e descê-lo para dentro do poço. O senhor poderá tomar água até se saciar. Quando estiver satisfeito, avise-me que eu o puxarei para cima.

O monge, sorrindo, aceitou a idéia e, logo em seguida, encontrava-se dentro do poço.

Pouco depois, veio a voz do monge:

Pode puxar!

O homem deu um puxão na corda empregando grande força, mas nada do monge subir.

Era estranho, pois parecia que a corda estava mais pesada agora do que no início.

Depois de inúteis tentativas para fazer com que o monge subisse, o homem esticou o pescoço pela borda, observou a semiescuridão do interior do poço para ver o que se passava lá no fundo.

Qual não foi sua surpresa ao ver o monge firmemente agarrado a uma grande pedra que havia na lateral.

Por um momento ficou mudo de espanto para, logo em seguida, gritar zangado:

Ei, que é isso? O que faz o senhor aí? Pare já com essa brincadeira boba! Está escurecendo, logo será noite. Vamos, largue essa rocha para que eu possa içá-lo.

De lá de dentro o monge pediu calma ao rapaz, explicando:

Você é grande e forte, mas mesmo com toda essa força não consegue me puxar se eu ficar agarrado a esta pedra. É exatamente isso que está acontecendo com você.

Você se considera um criminoso, um ladrão, uma pessoa que não merece o amor e o afeto de ninguém. Encontra-se firmemente agarrado a essas ideias. Desse jeito, mesmo que eu ou qualquer outra pessoa faça grande esforço para reerguê-lo, não vai adiantar nada.

Tudo depende de você. Somente você pode resolver se vai continuar agarrado ou se vai se soltar. Se quer realmente mudar, é necessário que se desprenda dessas ideias negativas que o vêm mantendo no fundo do poço.

Desprenda-se e liberte-se.

*   *   *

        A escuridão nada mais é do que a falta de luz, assim como o mal é a ausência do bem. Quando pensamentos negativos turvarem nossos pensamentos, ocultando nossos melhores sentimentos, busquemos a luz da verdade e o caminho do bem.

        Abandonemos as pedras da ignorância e do medo que nos mantêm prisioneiros de nossas próprias imperfeições, nos poços do egoísmo e do orgulho.

Redação do Momento Espírita, com base no livro
As mais belas parábolas de todos os tempos, organizado
por Alexandre Rangel, ed. Leitura.
Em 18.01.2010.

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998