Momento Espírita
Curitiba, 26 de Novembro de 2024
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Comenta-se, excessivamente, quanto à necessidade do lazer, como medida de repouso e de renovação de forças.

Lazer, sim; ociosidade, não.

O homem é, biologicamente, preparado e programado para a ação e não para o repouso.

O dinamismo vitaliza-o, desenvolve-o, enquanto que a imobilidade enfraquece-o, atrofia-o.

Lazer não significa falta de atividade, mas mudança física, emocional e intelectual de atitude, de trabalho.

A ação motiva a vida; o repouso desestimula-a.

O lazer é necessário para facilitar o relaxamento das tensões, para possibilitar a reflexão, a programação de novas atividades.

Mas não é eficaz somente quando se realiza em estações balneárias, campos de desportos, praias, montanhas, viagens bem concorridas.

Esses mecanismos de lazer obedecem a exigências de mercados que vendem emoções novas, produzindo outros estados de angústia, de ansiedade, de cansaço.

O lar e a família, o refúgio num lugar solitário, a música, o silêncio e a  prece, propiciam estados íntimos de lazer com excelentes resultados para a renovação pessoal.

Há organizações especializadas em lazer, que desumanizam o indivíduo, que passa a ser manipulado por especialistas que lhe impõe o que lhes parece melhor e não aquilo que, de fato, cada homem quer e necessita.

Apoiando-se no lazer para evitar a neurose do trabalho, os que param de atuar quase sempre se tornam vítimas da neurose da falta do que fazer.

E é por essa razão que muitos tiram férias e viajam, se refugiam em recantos naturais, praticam esportes dos mais variados, e voltam mais cansados e infelizes do que antes.

Por que isso ocorre?

É justamente porque o repouso significa a mudança de atividade. Mas de nada vale mudar de atividade e levar na mente as várias preocupações e neuroses do dia-a-dia.

O ser humano não é como um aparelho eletrônico, que basta acionar um botão para desligar. Se fosse assim seria fácil e prático.

A mente humana é esse mecanismo que leva em si mesma os elementos de calma e tranquilidade ou motivos de preocupações e ansiedades, para onde quer que vá.

Por essa razão, a mudança de ambiente ou de cidade, por si só, não resolve o problema do estresse, nem oferece o descanso necessário.

É preciso oferecer lazer e descanso também à mente. Além de mudar as atividades rotineiras, é preciso ter uma certa consciência tranquila.

É cumprir com suas obrigações diárias; ter organização e disciplina no trabalho, não sobrecarregando os colegas com deveres que são seus.

É estar bem com os afetos, com as responsabilidades assumidas, com as contas em dia.

A não ser assim, você poderá fugir da cidade, do país, do planeta, mas quando apoiar a cabeça para o repouso tão desejado, perceberá que levou consigo os verdadeiros motivos do seu estresse e da sua ansiedade.

Buscar momento de lazer, sim. Mas, fugir de si mesmo é uma tentativa que não funciona.

*   *  *

O trabalho, longe de ser motivo de cansaço e estresse, é valioso tesouro que nos propicia viver com dignidade, dando utilidade às horas.

Nesses momentos de mais lazer e ociosidade que trabalho, merece consideração o ensino de Jesus:  O Pai até hoje trabalha e eu também trabalho.

Com isso, podemos concluir que o trabalho não é um castigo nem deve ser encarado como uma obrigação indesejável, mas como fator indispensável para o progresso e a evolução do ser.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 25, do livro
Seara do Bem, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira
Franco, ed. Leal.

Em  27.8.2012.

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