Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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Quem é que nunca sentiu dor? Pelo menos algum tipo de sofrimento todos nós já experimentamos.

Mas, como tem sido o nosso comportamento diante da dor?

Naquele dia, quando três cruzes foram erguidas no Calvário, três dores haveriam de ser sentidas.

Uma era a dor de Dimas, o chamado bom ladrão. A outra, do segundo malfeitor que estava do outro lado de Jesus. E a terceira, era a dor do Injustiçado.

Cada um, por sua vez, enfrentou a dor daquele momento com uma disposição íntima toda própria.

A dor do bom ladrão era a dor do arrependimento. Dor de quem aceita a cruz por saber merecê-la e não reclama por tê-la como suplício, uma vez que se considera merecedor de tal corrigenda.

Já a dor do outro era a dor da revolta, do orgulho ferido, de quem não aceita a cruz por achar-se vítima de uma sociedade a quem lança a culpa pelos seus desatinos.

Mas a dor do Cristo era a dor de quem sabia que o verdadeiro sofrimento estava no porvir. Era a dor do Incompreendido, Daquele que, por tanto amar, recebeu a cruz.

Jesus, em momento algum blasfemou contra a cruz que carregava sobre os ombros feridos. Sabia por antecipação, que Suas lições e Seus exemplos ficariam para a Eternidade.

O Mestre sabia que a lição da cruz seria importante para ensinar o Seu rebanho a enfrentar o sofrimento, ainda quando parecesse injusto.

Meu reino não é deste mundo.

A felicidade não é deste mundo.

Lembrando os ensinos do Mestre de Nazaré, perceberemos que Ele não nos prometeu venturas na Terra. O Reino de Deus, do qual Ele tanto falou, não alcançaremos aqui.

Ensinou também, que na Casa do Pai há muitas moradas e que Ele iria nos preparar o lugar.

Quis com isto dizer que outras moradas mais ditosas esperam por nós, após vencidas as etapas da vida na Terra.

A Terra, portanto, se assemelha a uma escola destinada a nos ensinar as primeiras lições. Tão logo estejamos preparados, outras escolas estarão à nossa disposição e assim, sucessivamente, até conquistarmos o diploma da perfeição relativa que nos cabe.

Três cruzes, três dores!

Quando a cruz se fizer sentir em nossos ombros já macerados pela dor, lembremo-nos Daquele que a suportou com serenidade no olhar, mesmo sabendo ser inocente.

Lembremos ainda que a estrada, por onde seguimos com os pés dilacerados pelas pedras, é a mesma que ontem trilhamos com o sorriso da irresponsabilidade e do desleixo.

Tenhamos sempre em mente que Deus é justo. Que não somos vítimas do acaso. E que se não encontramos a causa do sofrimento nesta existência, ela certamente estará oculta pelo véu do esquecimento mas, ainda assim, é uma conquista nossa.

*   *   *

Procuremos espalhar flores pelos caminhos que percorremos hoje.

Enquanto nos curvamos para juntar as pedras que espalhamos ontem, deixemos no solo as sementes das boas obras, que florescerão e frutificarão logo mais.

Assim, num amanhã feliz, sentiremos um suave perfume a nos invadir a alma. E veremos a estrada iluminada pelos nossos atos dignos.

E a cruz?

A cruz fará parte de um passado do qual nem faremos questão de lembrar.

 

Redação do Momento Espírita com base no
 cap. As três dores, do livro Em torno do Mestre,
 de Vinícius, ed. Feb.
Em 01.03.2010.

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