Você já deve ter ouvido, alguma vez, esse sábio conselho: “é
preciso ser bom, fazer o bem e não praticar o mal”.
Você também deve ter se perguntado: “Mas, afinal, por que ser bom?
Que vantagem isso me traz?”
A educação tradicional ensinava, e algumas correntes ainda ensinam, que
é preciso ser bom para obter algum tipo de recompensa, e não praticar o mal
para evitar um castigo correspondente.
Essa pedagogia pode funcionar para aqueles que não buscam uma explicação
racional para fundamentar suas ações.
Todavia, quem precisa entender por que agir desta ou daquela forma, não
aceita argumentos destituídos de critérios lógicos.
O evangelho de Jesus foi intensamente utilizado para espalhar o terror do
inferno, aos maus, e prometer um céu como recompensa, para os bons.
No entanto, o ser imortal, no ir e vir das sucessivas reencarnações,
foi se dando conta de que não há céu nem inferno do outro lado da vida e,
menos ainda, no plano físico.
Viajante da eternidade e herdeiro de si mesmo, o espírito foi
percebendo, ao longo do tempo, que inferno e céu são estados d’alma, e não
lugares de punição e recompensa.
E essa constatação, de certo modo, o tem levado à descrença e ao
desprezo pelas questões relativas à alma.
A falta de uma explicação razoável do por que praticar o bem e evitar
o mal, tem levado muitas pessoas a buscar os interesses imediatos do mundo, lançando
mão de expedientes indignos ou até cruéis.
A busca da felicidade, que é uma aspiração natural do ser humano, gira
em torno da satisfação dos prazeres passageiros.
Ser bom, por conseguinte, passa a ser um dever para aqueles que, na dúvida,
preferem garantir algum tipo de recompensa futura.
Entretanto, é preciso lançar o olhar sobre as leis que regem a vida e
buscar compreender a essência dos ensinamentos trazidos pelo mestre de Nazaré,
para fundamentar a prática do bem.
Os ensinos de Jesus visam desenvolver no homem a convicção inabalável
na sua perfectibilidade. Isso se pode constatar no imperativo: “sede
perfeitos, como perfeito é o vosso pai celestial.”
Ora, para desenvolver essa perfeição é preciso entender de que forma,
como e porquê.
E isso pressupõe um consentimento interno, racional, e não uma imposição
externa, muitas vezes fruto de uma necessidade ou de uma vontade alheia.
Nossas ações devem ser norteadas pelo crivo da razão. Razão baseada
numa fé que nos faz livres para querer, de livre e espontânea vontade e nunca
por pressões ou interesses externos, sejam quais forem.
Quando a prática do bem se tornar tão espontânea em nós como o ato de
respirar, então teremos compreendido o papel que nos cabe, como filhos da luz.
Pense
nisso!
O filósofo brasileiro Huberto Rohden, em seu livro sabedoria das parábolas,
diz: “O Evangelho do Cristo é a glória da suprema sabedoria cósmica; Quer
um ser-bom por espontânea liberdade,
e não um ser-bom por compulsória
necessidade.
O homem deve ser intrinsecamente bom por um querer próprio, e não
apenas extrinsecamente bom por um querer alheio.
O seu ser-bom deve ser o fruto
de um voluntário querer, e não de um compulsório dever.
O homem pode ter todas as possibilidades para ser mau – e, apesar
disto, ser bom, livre, convictamente bom.”
Pense nisso!
Equipe
de Redação do Momento Espírita, com base nos livros Sabedoria das parábolas,
cap. O joio no meio do trigo, e Educação do homem integral, cap. Por que deve
o homem ser bom?, ambos de Huberto Rohden.