Foi o filósofo francês Augusto Comte quem cunhou, em 1830, a palavra altruísmo, para significar comportamento oposto ao egoísmo.
Se desejável para todos os tempos, tal atitude torna-se de importância capital na atualidade.
Nos momentos que atravessamos, após a pandemia que nos exigiu o isolamento social e deixou inúmeros corações de luto, é o altruísmo que nos deve despertar as emoções do amor e do perdão, da misericórdia e da caridade.
Saber enxergar as necessidades alheias, atendendo-as com mãos veludosas que não constrangem, nem humilham - eis uma faceta do altruísmo.
Alguns pessimistas afirmam que o altruísmo somente se encontra entre as pessoas da mesma cultura ou as que abraçam os mesmos ideais.
No entanto, extraordinária demonstração de altruísmo encontramos na Parábola do Bom Samaritano.
Ele não somente atende a vítima de ladrões impiedosos, que nem era da sua mesma crença, como também altera o seu próprio roteiro para deixá-lo em uma hospedaria.
Sequer cogita que, se eventualmente, a situação fosse inversa, o outro nem se deteria para o socorrer.
Simplesmente interrompe sua viagem e oferece os primeiros socorros com o que traz consigo.
E, ao entregá-lo ao hospedeiro, adianta o pagamento do que calcula possam custar os dias em que o ferido precisará ali permanecer.
Mais do que isso, se responsabiliza pelos gastos que poderão ocorrer, em acréscimo.
O Evangelho não lhe registra o nome, embora lhe enalteça o gesto de verdadeiro altruísmo.
Exatamente porque o sábio de Nazaré já instituíra que se deve fazer com uma das mãos sem que a outra tome conhecimento.
Conta-se que, no século XIX, um monge tibetano, de nome Dola Jigme Kalsang, viajava pelas diversas províncias da China.
Chegando em uma delas, percebeu uma grande aglomeração na praça principal, o que lhe atraiu a atenção.
O sábio se acercou e veio a saber que se tratava de um homem, acusado de roubo, que fora condenado a morrer de forma cruel: seria colocado no dorso de um cavalo feito de ferro, aquecido até ficar avermelhado.
O condenado, aos gritos, protestava inocência.
O recém-chegado Dola abriu caminho entre a multidão e anunciou: O ladrão sou eu.
Fez-se um grande silêncio. O mandarim, que governava aquela parte do país, voltou-se impassível para o monge e perguntou:
Você está pronto para assumir as consequências do que acaba de dizer?
Ante a afirmativa de Dola, o condenado foi solto e ele foi posto sobre o ferro em brasa, sucumbindo em poucos minutos no terrível suplício.
O que motivou a atitude do monge tibetano, senão o altruísmo? Ele apenas chegara àquele lugar.
Poderia ter seguido o seu caminho.
Agiu a partir do altruísmo e de uma benevolência ímpar para com quem sequer teve chance de lhe agradecer o gesto de lhe salvar a vida.
Mas o altruísmo é assim mesmo. Não aguarda reconhecimento, não espera aplausos, nem louvores.
Essa foi a atitude de Jesus que doou a sua vida para que todos tivéssemos vida em abundância.
Ele nos ofereceu o mais sublime gesto de altruísmo de que a Humanidade tem notícia.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 25, do
livro Atitudes renovadas, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 30.11.2022.
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