Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Amando para ser amado

Aos cinco anos de idade, ela se viu recolhida a um lar de crianças. Havia outras tantas ali, de variadas idades, meninos e meninas.

Cada qual tinha a sua própria história.

A dela, Ester, era bem simples. A mãe, abandonada pelo companheiro, se vira constrangida a entregá-la a alheios cuidados.

De início, visitava a pequena, em alguns dias. Depois de certo tempo, deixou de aparecer.

Se ela perdera o poder familiar ou se desistira da filha, nunca ninguém lhe disse.

A garotinha chorou muitas e muitas noites a ausência de um lar somente seu, com pais que a amassem.

Por razões que não podia determinar, os anos se passaram sem que ela fosse adotada. Isso a marcou, de forma indelével.

Dentro d'alma carregava, como se feita a ferro em brasa, a marca do abandono.

Ela estudou e, quando se fez o tempo, foi morar sozinha, em uma quitinete.

Um emprego em um escritório lhe abriu novas perspectivas. Não demorou muito e ela se enamorou de um colega de trabalho.

Mas namoro é assim. Não é compromisso eterno. Namoro é espaço em que dois corações se observam, buscando se conhecer.

Seu objetivo é verificar se o amor floresce e se solidifica ou se cada um deve seguir seu próprio caminho.

Pouco tempo transcorrido e o rapaz desistiu do relacionamento.

A dor do abandono, que parecera ter perdido a força, voltou com todo vigor.

Aquela reprise a fez questionar se estaria proibida de ser feliz. Acaso não mereceria a felicidade? Não mereceria ser amada?

Foi ao coração de uma amiga, de idade madura, vizinha no prédio em que morava, que ela buscou confidenciar as suas dores.

Depois de ouvi-la, atentamente, a senhora a abraçou e lhe confortou a alma.

Lembrou-lhe que, embora as experiências, identificadas por ela como abandono, muito estava ainda por vir para os anos futuros.

Falou e falou. Recordou que o propósito da vida é crescer e, naturalmente, buscar a própria felicidade.

No entanto, frisou, a nossa felicidade não deve estar condicionada à presença de alguém.

Não são os outros que nos devem fazer feliz. Nós é que devemos semear felicidade na nossa e nas vidas alheias.

Se não temos quem nos ame, podemos nos dispor a espalhar amor.

Podemos nos dedicar a um cão ou outro animal doméstico e tê-lo como companhia.

Podemos semear um canteiro em um vaso minúsculo e nos alegrarmos com as flores que nos sorrirão, depois, em gesto de gratidão.

Podemos descobrir quem vive só e nos dispormos a lhe fazer companhia. Então, nós mesmos não estaremos mais sozinhos.

Teremos alguém com quem falar, a quem ouvir, a quem relatar as coisas pequenas de um dia de experiências.

Em verdade, podemos pensar em construir um lar. Mas, esse nosso lar pode ser feito de outros sem lar. E constituiremos uma família.

Somente não teremos ninguém que nos ame se não nos dispusermos a oferecer amor.

Porque, parafraseando a oração tão conhecida: é dando que recebemos, é perdoando que somos perdoados, é compreendendo que somos compreendidos.

Em síntese, é amando que somos amados.

Redação do Momento Espírita
Em 20.11.2021.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998