Momento Espírita
Curitiba, 19 de Abril de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone A visita de Jesus

Para aquelas crianças, o Natal era uma data um pouco triste. A casa era pobre e tinha somente alguns itens de cozinha, um sofá antigo, uma televisão.

Elas sabiam que o Natal estava chegando pelos intermináveis anúncios televisivos que convidavam a comprar muitos e muitos brinquedos, presentes maravilhosamente embrulhados, caixas lindíssimas. E havia sempre novidades, que enchiam os olhos.

Além disso, as novelas, os filmes, os desenhos infantis, tudo mencionava o Natal. E havia ceia com muita comida, doces, pães, refrigerantes, sucos.

Tudo aquilo dava água na boca, mas ficava muito distante da realidade deles. O salário do pai cobria as necessidades, nada mais. Nenhum presente sequer poderia ser pensado, sonhado. Nenhum, por menor que fosse.

Havia algo, no entanto, especial, na noite natalina. A mãe, que sempre preparava o prato de cada um, para dividir tudo igualmente, nesse jantar desenhava um coração com a comida.

Ela colocava o arroz no meio do prato e ia separando com os dedos para a borda, até formar um coração vazio no meio.

Então, ela enchia o desenho com uma concha de feijão e se houvesse qualquer coisinha a mais, talvez alguma mistura, colocava bem do ladinho, para não estragar o contorno.

Todos se reuniam em torno da mesa e oravam, repetindo as palavras da mãe: Jesus, que bom que você chegou!

E se recolhiam na Noite Santa, pensando naquele Jesus que nascera em um estábulo, Luz do mundo, Rei da vida.

Mais recentemente, a mãe de família participou de oficinas de costura e culinária.

E a vida da família melhorou. A costura e a culinária começaram a render frutos, quase de imediato. O panorama se alterou.

Então, no último Natal, mesmo sem árvore enfeitada com bolas e velas coloridas, sem embrulhos de presente, algo muito especial aconteceu.

O pai confeccionou uma grande placa e colocou na frente da casa, com os dizeres: Que bom que você chegou!

Na cozinha, uma grande movimentação. Parecia que se cozinhava para um batalhão. E, ante a indagação das crianças, esclareceu a mãe:

Jesus vem para a ceia hoje, meus amores. Seu pai e eu o convidamos, pessoalmente. Ele virá com fome e com sede. Precisamos estar preparados.

Quando caía a noite, foi chegando Jesus, de roupa simples, com barba, sem barba. E as crianças foram descobrindo que Jesus era negro. Era branco. Era homem. Era criança. Era mulher.

E cada um recebia aquele prato com um coração de arroz, cheio de feijão. E sorria. E se deliciava.

Alguns, quando sorriam, diante da refeição quentinha, mostravam a boca com poucos dentes.

Acho que foi por isso que a mãe fez comida que não precisa mastigar tanto. - Pensou a menorzinha.

Faltando pouco para a meia-noite, a família se reuniu para agradecer. A oração se elevou, num coro: Jesus, que bom que você chegou!

E a alegria do verdadeiro Natal iluminou todos os corações. A casa parecia um palácio feito de luz.

Quem tivesse um pouco de sensibilidade para perceber o que acontecia além da matéria, poderia ouvir o cântico celestial se repetindo: Glória a Deus nas alturas. Paz na Terra, boa vontade para com os homens.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo
Que bom que você chegou, de Ana Guimarães,
da
Revista Cultura Espirita, de dezembro 2016.
Em 21.3.2017.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998