Momento Espírita
Curitiba, 19 de Abril de 2024
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ícone Pássaros sem ninho
 

 

As imagens da guerra são chocantes. A tela da televisão, por maior que seja, não consegue retratar com fidelidade o horror em suas amplas dimensões.

Pessoas do povo trazem no rosto as marcas da dor esculpida pelos adversários que nem sequer conhecem.

Por que seus governantes estão ordenando ataques ao seu povo eles não sabem, mas sentem, no peito ferido, o sofrimento provocado pelas vidas ceifadas por motivos mesquinhos.

São pais e mães desesperados em busca de filhos perdidos em meio aos escombros e à fumaça das bombas.

São crianças que correm desarvoradas, sem saber para onde ir, à procura dos pais que tombaram sem vida em uma esquina qualquer.

Parecem aves sem ninho, buscando braços que as socorram, que as amparem e protejam da crueldade dos que matam sem escrúpulos nem compaixão.

Quando isso acontece em pleno alvorecer do século XXI, a Humanidade perde, se degrada, se embrutece...

Países ditos de Primeiro Mundo, não conseguem proteger a preciosa vida dos seus cidadãos...

Matam em nome do quê?

Talvez seja pela simples conquista de mais terras, mas também pode ser em nome de uma divergência política. Ou será por diferenças religiosas?

Não importam os motivos, a verdade é que as imagens são chocantes e injustificáveis.

Não há quem não se sensibilize diante da crueldade das guerras.

Todavia, há outras situações que passam despercebidas no dia-a-dia: são as crianças que perambulam pelas ruas sem destino, sem proteção, sem carinho...

São também aves sem ninho, à procura de alguém que lhes ouça os gritos silenciosos da inocência confiante...

Há mães que não têm sequer uma colher de alimento para dar ao filho que chora de fome. Há crianças que morrem, em tenra idade, por inanição.

Mas as imagens da guerra nos chocam sobremaneira. Será que essas outras situações não nos comovem mais? Será que nos acostumamos tanto com elas que já nos são indiferentes?

Ou será que é mais cruel a bomba, que ceifa instantaneamente uma vida, do que a fome ou o frio que matam lentamente?

O que será mais triste: as batalhas de uma guerra ou a batalha silenciosa de morrer de fome em meio à abundância?

Quando será que os nossos corações se enternecerão a ponto de mover nossas mãos na direção dessas carências que a tantos destroem?

Pelos crimes de guerra responderão os culpados perante as Leis Divinas, mas pelos crimes de omissão e indiferença responderemos todos os que estamos de braços cruzados diante dos infortúnios.

Lembremo-nos de que Deus ajuda os homens através dos próprios homens e que espera de nós as providências cabíveis em cada situação.

*   *   *

Somente seremos uma sociedade verdadeiramente civilizada quando a ninguém faltar o necessário; quando não existir mais velhos abandonados ou obrigados a prover o próprio sustento, mesmo não tendo mais forças físicas; quando não houver mais crianças sem lar e carinho; quando todos os cidadãos tiverem moradia, alimentação, vestimenta e recursos para a saúde; quando, enfim, todos os membros dessa sociedade se ajudarem mutuamente.

Enquanto tudo isso não acontecer, seremos apenas povos esclarecidos, mas não civilizados.

Redação do Momento Espírita.
Em 11.01.2010.

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