Foi durante a limpeza do quintal. O pai, Bruce, juntava as folhas com o ancinho, recolhia os galhos quebrados pelo furacão da véspera.
Então, olhou para o filho e teve um impulso de abraçá-lo.
Ele o levantou, o beijou e lhe disse como se sentia feliz em tê-lo como filho.
A resposta do menino de apenas quatro anos o desconcertou:
Foi por isso que escolhi você. Eu sabia que você seria um bom papai.
Bruce ficou atônito e pediu que o menino repetisse o que dissera.
É isso: quando encontrei você e mamãe, tive certeza que você seria bom para mim.
Aquilo estava ficando intrigante.
Como assim nos encontrar? Onde você nos encontrou?
No Havaí.
O pai sorriu e esclareceu que os três tinham estado no Havaí no ano anterior. Mas o garoto replicou:
Não foi quando todos fomos ao Havaí. Foi quando você foi sozinho com mamãe.
E continuou, acrescentando detalhes:
Encontrei vocês no grande hotel cor-de-rosa. Vocês estavam na praia, de noite, jantando.
Realmente, Bruce e a esposa tinham estado no Havaí em 1997, para comemorar seu quinto aniversário de casamento.
Tinham se hospedado num hotel de cor rosa, na praia de Waikiki. E tinham jantado ao luar, na praia, na última noite de sua estada.
Cinco semanas depois, a esposa descobrira estar grávida.
O filho descrevera tudo com perfeição.
Como poderia saber? Aquele não era um assunto que os pais comentassem, não com aqueles detalhes.
* * *
O fato não é isolado e acontece com muitas crianças que surpreendem os pais com informações de um tempo que antecede o seu nascimento.
Não é raro o garotinho olhar para a mãe e dizer: Quando eu era grande, carreguei você no colo.
Quando eu morava na outra casa, eu tinha muitas joias. E um carro muito bonito. Eu sempre viajava nele porque ele era confortável e grande.
Ou a menina olha o álbum de fotografias antigas e, de repente, apontando para uma foto de sua avó, ou bisavó ou tia-avó, exclama:
Olha eu aqui!
Nossa, eu era bonita, né?
Tais discursos partem de pirralhos, de crianças pequenas, de forma espontânea.
E, da mesma forma que assim se expressam, deixando boquiabertos os que os ouvem, retornam aos interesses da idade e às falas próprias da infância.
É como se um flash acendesse na memória, detonando uma lembrança, que é expressa com espontaneidade.
Tais fatos confirmam o que ensina a Doutrina Espírita. Vivemos muitas vezes.
E escolhemos nossos pais, antes de renascer, por questões afetivas, de aprendizado, ou alguma necessidade específica.
Pais e filhos não somos Espíritos estranhos uns aos outros. Somos viajores do tempo, através das muitas vidas, no rumo do grande bem.
Redação do Momento Espírita, com base em dados colhidos
no livro A volta, de Bruce e Andréa Leininger com Ken Gross,
ed. Best Seller.
Em 10.4.2015.
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