Momento Espírita
Curitiba, 19 de Abril de 2024
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ícone Pescadores de almas

Simão era irmão de André.

Ambos eram pescadores e suas preocupações restringiam-se às necessidades básicas da família.

Sem aspirações maiores, limitavam-se à pesca e aos deveres decorrentes de uma existência simples.

Certo dia, os amigos mais próximos lhes narraram novidades a respeito de um certo profeta.

Como eram pessoas sonhadoras, que ansiavam por encontrar salvadores capazes de solucionar todo e qualquer problema, acrescentavam às narrativas detalhes da imaginação deles próprios.

Irresponsáveis, tais amigos desejavam, em verdade, viver sem o esforço do trabalho, sem o sofrimento que depura.

Simão era um homem cético.

Ouvindo as mirabolantes histórias e sentindo o entusiasmo ingênuo dos amigos, experimentou um desconhecido ressentimento do estranho profeta, que lhe parecia ser um mistificador a explorar a ignorância das massas.

Recusou-se a ir ouvi-lO.

Algo, porém, perturbava sua intimidade e uma inquieta curiosidade o empurrou a empreender a marcha na direção do lugar onde o Messias iria falar.

Respirando o ar frio do amanhecer, o pescador viu-se surpreendido pelo grande número de pessoas silenciosas que seguiam pelo mesmo caminho.

Muitos doentes eram conduzidos, enquanto vários idosos necessitavam de apoio para prosseguir.

Um misto de piedade e ira tomou Simão.

Aquelas pessoas lhe pareciam estúpidas, entregando-se a um aventureiro.

Quando atingiu o alto da colina, encontrou densa multidão.

Enquanto aguardavam o Mestre Nazareno todos falavam sobre as próprias necessidades e expectativas.

Então, Ele apareceu. Sua figura impôs silêncio sem nada dizer.

E logo que começou a falar, foi interrompido por uma mulher que trazia nos braços uma criança cega.

Senhor, cura minha filha, e eu Te seguirei. – Disse desesperada.

Porque ela se encontrava atrás de Simão e, trêmula, chorava, ele tomou a menina nos braços e avançou até a primeira fila.

Jesus acercou-Se, fitando Simão, sem dizer uma só palavra.

Na sua intimidade, porém, ele pareceu escutar: Eu te conheço Simão, desde ontem...

As mãos do Mestre tocaram levemente os olhos sem vida da menina, enquanto dizia: Vê, filha, em nome de meu Pai.

Eu vejo, eu enxergo! – Gritava a menina entre lágrimas, no instante seguinte.

Quando Jesus desceu Seu braço, a manga de Sua túnica tocou Simão, que estremeceu, encantado com a luz daqueles olhos brilhantes.

E ali ele ficou, paralisado, perdendo o contato com o mundo que o cercava.

Ao voltar a si, estava sozinho. A hora avançava.

Profundamente comovido voltou para casa.

Não era o mesmo. Nunca mais voltaria a ser.

Interrogava-se, desejando saber de onde e desde quando O conhecia e O amava.

Na acústica da alma, no entanto, ouvia apenas desde ontem...

Foi nesse estado de espírito que, em formosa manhã, enquanto organizava as redes com o irmão, foi surpreendido pela presença do Divino Amigo que, a partir daquele momento os fez pescadores de almas.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap.1,
do livro
Trigo de Deus, pelo Espírito Amélia Rodrigues,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 31.1.2015.

 

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