Momento Espírita
Curitiba, 19 de Abril de 2024
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Nos primeiros versículos do livro bíblico do Eclesiastes, lê-se que há tempo para tudo.

Tempo de semeadura. Tempo de floração. Tempo de seca. Tempo de chuvas abundantes.

No ciclo do matrimônio igualmente existe o período inicial da adaptação, das descobertas do outro, da vinda dos filhos.

Tempo de noites mal dormidas. De fraldas e mamadeiras. Tempo de garotos na escola, de lições, da Universidade.

Dias inquietantes dos namoricos, dos voos mais distantes dos filhos ainda jovens.

Finalmente, chega o tempo em que os cônjuges se descobrem com o ninho vazio.

Não mais as vozes: Olá, cheguei! Oi, velho! Oi, mãe!

Não mais os sons dos aparelhos eletrônicos, as risadas, os pés sobre o sofá da sala, a linha telefônica sempre ocupada.

De repente, como aves migratórias, os filhos se vão. Vão para a formação dos seus próprios lares e consolidação das suas carreiras profissionais.

Quando se descobrem a sós, muitas vezes, os cônjuges passam a se desarmonizar. Agora, com tempo dilatado, podem olhar mais detidamente um ao outro, descobrindo imperfeições e defeitos.

As separações ocorrem com frequência nesse ciclo. A vitalidade do casamento fica enfraquecida, surgem os desentendimentos e o casal entra em crise.

É uma fase que exige sabedoria.

O salmista David, traduzindo as necessidades especiais assim se expressa: Não me rejeites no tempo da velhice. Não me desampares, quando se for acabando a minha força.

Agora também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares.

É justamente quando se necessita mais do outro que a criatividade há que ser acionada, para tornar o espaço do ninho vazio uma ventura.

É o momento de aprofundar o relacionamento conjugal.

Retomar os verdes dias do namoro, redescobrindo o prazer do calor de um aconchego mais demorado.

Deter-se a mirar um ao outro, recordando quando, exatamente, os cabelos começaram a ficar prateados.

Relembrar as lutas intensas, cujos traços estão impressos nas faces de ambos. Utilizar o tempo na leitura nobre, trocando impressões, discutindo panoramas e vivências. Idealizar juntos novas metas.

Tornar a usufruir o sabor das manhãs claras, no passeio de mãos dadas, no bosque próximo.

Saborear juntos pequenos detalhes: a ida à pizzaria, os diálogos sem pressa, o concerto, o show.

Enfim, é imprescindível que os cônjuges estabeleçam prioridades.

E o matrimônio é prioritário. Tudo que venha deteriorar o equilíbrio conjugal, deve ser eliminado.

Desenvolver amizade e companheirismo entre si. O tempo e os interesses compartilhados conferem segurança e alegria. Fugir da rotina.

*   *   *

Quando te surpreendas demasiadamente crítico para com a criatura que contigo compartilhou dores e alegrias de uma vida; que contigo ombreou nas dificuldades mais acerbas; a criatura à qual entregaste o corpo e a alma, para um pouco!

Pensa em tudo que juntos idealizaram e construíram. Recorda os primeiros dias. Pensa em quantas vezes foi aquele o ombro amigo em que te apoiaste e choraste.

Pensa em quantas vezes os abraços, os apertos de mão, uma doce carícia te fizeram adquirir forças para os embates do mundo.

Deixa-te penetrar pela ternura das lembranças e então, olha o teu par e ama-o um tanto mais, enquanto prossigas no caminho com ele.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 29 – ed. FEP.
Em 23.3.2016.

 

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