Momento Espírita
Curitiba, 19 de Abril de 2024
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ícone Menino bandido

 Na praça, a multidão, tumultuada, observava um homem triste, algemado, em plena rua.

Os gritos de condenação ecoavam por todos os lados: Assassino! Celerado!

É uma fera solta! Diziam uns.

É um monstro que merece o devido castigo. Gritavam outros.

Donde vieste, matador cruel?

E o infeliz, cansado, mal se aguentando nos pés, implora por misericórdia.

Por Deus, me poupem a lembrança!

Já basta a aflição que me oprime a alma...

Vocês me perguntam quem eu sou e de onde venho. Pois bem, eu vou lhes dizer.

Eu fui aquela criança a quem todos fecharam a porta...

Fui o pequeno mendigo que todos viram passar, indiferentes à minha sorte.

Fui aquela criança sem lar, sem escola, sem saúde, sem esperança...

Faminto, descalço e roto, a minha vida era assim...

Cresci na lama do esgoto e nunca tive alguém por mim...

Jamais provei um abraço caloroso de mãe ou de pai, de irmão ou de amigo.

Hoje dizem que sou um réprobo, mas o que se pode esperar de alguém excluído da sociedade como eu?

E, por fim, limpando o pranto abundante que lhe corria no rosto, conclui:

Nem eu mesmo sei quem eu sou. Talvez seja um monstro, um assassino cruel, um assaltante sem escrúpulo ou, quiçá, seja apenas um pequeno mendigo moral, diante dos olhos de Deus.

A multidão silenciou...

Nada mais se ouviu além dos passos trôpegos daquele homem triste a caminhar na direção do cárcere...

*   *   *

Se analisássemos a história de cada ser humano que se perde nos lodaçais do crime, talvez fôssemos menos implacáveis em nossos julgamentos.

Lembremos que essas criaturas que vivem à margem da sociedade são nossos irmãos, necessitados de amparo e orientação.

São seres que sentem, sofrem, lutam e se desesperam diante da nossa indiferença.

Jesus, conhecedor da história de cada um dos Espíritos confiados à Sua guarda, sabia que os homens são mais frágeis do que perversos.

E é essa fragilidade que os faz amargos, rebeldes e violentos diante da própria impossibilidade de soerguimento.

São esses os verdadeiros enfermos da alma que necessitam de médico, de tratamentos e não os sãos, conforme afirmou Jesus.

*   *   *

Existem países em que o regime penitenciário é totalmente voltado à regeneração do infrator e não de punição pura e simples.

As autoridades entendem que a pessoa que comete crimes está enferma e como tal deve ser tratada.

É por esse motivo que nesses países o delinquente trabalha e estuda. Se tirou a vida de um pai, por exemplo, deve sustentar financeiramente a família da vítima, bem como a sua própria família, de maneira a não se constituir num peso para o Estado.

Ao cumprir a pena, o indivíduo está apto a ser reintegrado à sociedade, da qual, em verdade, jamais foi excluído.

Redação do Momento Espírita com base na poesia A primeira
pedra, do livro Antologia dos imortais, por Espíritos diversos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ed. Feb.
Em 26.04.2010.

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