Momento Espírita
Curitiba, 28 de Março de 2024
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O escritor português José Saramago escreveu: Não ter pressa não é incompatível com não perder tempo.

Mas, hoje, o que mais se exige é rapidez. Rapidez em tudo. O computador deve ser de alta velocidade, é preciso pensar rápido, agir rápido para não perder negócios, para não perder audiência, para não perder mercado de trabalho.

No mundo dos executivos, ao contrário da realidade do trânsito, não há limite de velocidade. A multa é alta para quem anda lento. A ordem é supervelocidade.

Para esses, cada minuto conta. E se estressam somente contando o tempo que perdem aguardando o elevador, o semáforo abrir, o autoatendimento bancário lhes fornecer as informações de que necessitam.

São pessoas que se sentem culpadas quando param para um cafezinho, porque poderiam estar produzindo. A sua meta é executar projetos, ler apenas livros técnicos, acelerar a rotina. Tudo o mais é desperdício.

E, no entanto, a vida é feita de pequenas coisas.

Felizes são aqueles que decidem subir pela escada para exercitar as pernas e a imaginação. Aqueles que têm tempo para um sorriso ao desconhecido que está na fila, logo atrás, esperando sua vez para ser atendido.

Os que, em vez de engolirem um sanduíche rápido no escritório, preferem almoçar com um amigo, com calma, bater um papo descontraído. Ou melhor, ir até em casa e observar os filhos crescerem, enquanto a família se reúne em volta da mesa.

Essas pessoas não costumam usar atalhos para encurtar caminhos. Elas preferem procurar estradas com paisagens com que se possam deliciar.

Quando viajam, vão com calma. Não têm hora para chegar. Como as crianças, a quem o fazer é mais importante do que a tarefa pronta, eles param na beira da estrada para provar uma fruta e conversar com o vendedor, que sempre tem histórias para contar. Histórias de vida. Experiências importantes.

Quando descobrem uma paisagem bonita, param para apreciá-la. Alguns fotografam para levar consigo aquele momento mágico. Chegam ao destino com maior disposição e alegria.

Esses são os que adotam a filosofia de que menos é mais. Menos velocidade é mais oportunidade de olhar para os lados e apreciar a natureza.

Menos horas de trabalho equivalem a mais tempo com a família. Tirando levemente o pé do acelerador das suas vidas têm mais tempo para ouvir música, ler algo mais além do que a profissão lhes exige, assistir um filme, meditar.

Em síntese, têm mais tempo para viver. Em verdade, a velocidade máxima permitida para ser feliz é aquela que não nos deixa esquecer de que, além dos negócios, do trabalho, do dinheiro, o mais importante é a vida em si mesma.

*   *   *

Viver é uma arte. Todos nascemos com programas definidos que nos possibilitem o progresso. Por isso, todo momento se faz importante.

Também todas as experiências do cotidiano nos enriquecem. Desfrutar de cada uma delas retirando o máximo de proveito, deve ser a meta do homem sábio.

Isto significa aproveitar bem a vida. Não desperdiçar nenhuma de suas oportunidades.

 

Redação do Momento Espírita, com base no texto Velocidade máxima, publicado na revista Exame, de 15.12.1999.

Em 01.01.2011.

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