Momento Espírita
Curitiba, 19 de Abril de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Raízes da insegurança
 

Aquela parecia ser mais uma cena corriqueira, no amplo estacionamento do supermercado.

O filho desobediente, preso no carrinho que serve para transportar as mercadorias, gritava desesperadamente, tentando sensibilizar a mãe, o pai e o irmão que se afastavam sorrindo, dizendo que iriam deixá-lo ali, sozinho.

O garoto, aparentando uns quatro anos de idade, certamente não sabia que era apenas uma tentativa dos pais de fazê-lo obedecer da próxima vez, e que não iriam realmente abandoná-lo.

Seus gritos de desespero eram de causar angústia ao coração mais endurecido, mas os pais entraram no carro, indiferentes.

Só depois que a criança não tinha mais fôlego, e dava mostras de que iria desfalecer, a mãe retornou e a retirou do carrinho.

Talvez muitos pais acreditem que uma atitude dessas possa ajudar na educação dos filhos, fazendo-os refletir sobre os próprios atos.

No entanto, esse tipo de comportamento por parte de pais e educadores, só causa pavor e gera insegurança.

Uma criança nessa idade ainda não tem capacidade de entender, de forma subjetiva, essa tentativa de corrigenda. O máximo que conseguirá sentir é pânico de ser abandonada por aqueles que, no seu entender, deveriam ampará-la e protegê-la sempre.

A criança, nessa idade, acredita cegamente no que os adultos lhe dizem ou lhe demonstram através dos seus atos.

E, por essa razão, uma atitude desse tipo se constitui em um infeliz ato de violência, de agressão contra um ser completamente indefeso e dependente.

Não podemos nos admirar quando a criança tem atitudes infantis, pois ela é infantil. Mas nada justifica que os adultos ajam como criança, salvo os casos de retardamento mental.

É muito comum se observar pais ameaçando abandonar filhos em parques de diversão, em lojas, em praças etc., por não conseguirem convencê-los com atitudes sensatas.

Também não é raro perceber pais ameaçando ir embora de casa e dizendo que nunca mais voltarão, provocando desespero e pânico nos corações infantis.

Esses pais não se dão conta de que estão plantando, no solo fértil do coração infantil, as raízes da insegurança. Lançam mão de chantagens emocionais, por falta de argumentos capazes de convencer uma criança a atender, de boa vontade, suas orientações.

É preciso que pais e educadores compreendam muito bem o papel que lhes cabe junto aos seus educandos. É preciso que entendam claramente que estão na condição de orientadores.

E um orientador jamais deverá tentar esmagar com agressões físicas ou psicológicas seus tutelados.

Um bom orientador é aquele que tem sempre uma palavra convincente, um gesto de carinho, um olhar de ternura, uma mão estendida para bem conduzir aqueles que estão sob sua responsabilidade.

E, por fim, um bom educador é aquele que tem consigo a mais eficaz de todas as armas: a autoridade moral.

E a autoridade moral se resume em agir bem sempre, ensinando pelo exemplo, pois só o exemplo possui a magia de arrastar seus seguidores, sem violência e sem pieguice.

*   *   *

A criança é, sem contestação, a base do amanhã da Terra, e, como você está destinado a retornar à Terra, amanhã, pela inderrogável Lei da reencarnação, atenda bem a sua criança de agora, para que ela bendiga seus passos e sua existência no mundo, futuramente.

 

Redação do Momento Espírita com base no cap. 10, do livro Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 23.12.2010.

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998