Momento Espírita
Curitiba, 28 de Março de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Fragilidade
 

Deixai vir a mim as criancinhas é uma célebre frase de Jesus.

Dela podem ser extraídas inúmeras lições.

Por vezes, se identifica na passagem evangélica a necessidade de abordar o sagrado com simplicidade e sem afetação.

Afinal, as crianças são espontâneas e singelas em suas manifestações.

Outra lição possível é a de que se deve manter a capacidade de encantamento perante a vida.

Assim são as crianças, que lançam olhares deslumbrados ao mundo que principiam a descobrir.

Um enfoque igualmente interessante é sobre a necessidade de proteger as criaturas frágeis.

Jesus era forte em todos os sentidos.

Possuía infinita sabedoria, que impressionava e confundia os sábios e os grandes da época.

Sua autoridade moral era incontestável, a ponto de dominar as massas com Sua simples presença.

Há relatos espirituais de pessoas que, frente ao Mestre, caíram ajoelhadas, sem poder dominar a sensação de estar na presença de alguém superior.

Foi esse homem, entre todos, forte que abriu os braços à própria imagem da fragilidade: as crianças.

A Sabedoria Divina veste a infância com encantadora roupagem para despertar o instinto protetor dos adultos.

A violência contra a criança sempre parece a mais repulsiva de todas.

A graciosidade dos pequenos seres enternece os mais rudes corações.

Ocorre que a fragilidade nem sempre se apresenta encantadora.

A velhice é um bom exemplo.

Os idosos gradualmente perdem as forças físicas e passam a depender da paciência e do auxílio alheio.

Do mesmo modo, os enfermos carecem de socorro.

A imagem do sofrimento e da miséria humana não costuma ser agradável.

É mais fácil ter arroubos de ternura com uma criança rosada e risonha do que com um adulto definhante.

Mas há um gênero de fragilidade ainda mais carente de compreensão e auxílio.

Trata-se dos homens moralmente frágeis.

Ninguém é mais necessitado de compaixão do que os viciosos do corpo e da alma.

Curiosamente, eles costumam suscitar apenas reprovação e desprezo.

Suas dificuldades são vistas como falta de vergonha ou de vontade.

Não raro, tem-se um sentimento de rejúbilo quando algo mau ocorre com alguém de hábitos corrompidos.

Por exemplo, há muito pouca preocupação com as condições de vida dos detentos no Brasil.

Sabe-se que vivem em celas superlotadas e sem higiene, mas isso não incomoda.

Não é possível ser ingênuo e abolir os modos pelos quais a sociedade se protege de seus elementos perigosos.

Mas é necessário lembrar que se trata de seres humanos.

Embora por vezes truculentos, os criminosos são frágeis em sua rebeldia para com as Leis Divinas.

Trilham caminhos tortuosos que lhes preparam grandes dores.

Cedo ou tarde, terão de reparar todos os males que causaram.

Contudo, permanecem irmãos na infinita caminhada da Humanidade rumo à plenitude.

Importa, pois, adotar uma postura cristã, em especial quanto aos seres moralmente débeis.

Reprovar seus erros e prevenir os abusos, mas sem se tomar de ódio e sem embrutecê-los com maus tratos.

Educá-los e auxiliá-los, a fim de que se recuperem.

Afinal, quem se diz cristão tem o dever de tornar-se amparo dos irmãos de jornada.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 02.04.2008.

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998